As perspectivas para o setor de comércio e serviços na Bahia neste final de ano são boas. Nesta sexta-feira, acontece a Black Friday, que está aquecendo o comércio, e já está sendo pago a primeira parcela do 13º salário que, até 20 de dezembro, vai injetar na economia baiana R$ 13,1 bilhões. E, o mais importante, a taxa de desemprego na Bahia é a menor desde 2013 e a renda do trabalhador cresceu, pouco, mas cresceu. Cerca de 5 milhões de baianos receberão um benefício médio de R$ 2.300,00, segundo o Dieese. Parece pouco, mas toda média é burra, por isso, cada varejista, cada fornecedor de serviços vai ter uma demanda de acordo com a média de renda do seu público.
É verdade que o nível de inadimplência ainda é alto, mas caiu muito em relação a 2023 e, mesmo que uma parte do adicional no salário seja usado para pagar dívidas, isso restabelece a capacidade de endividamento do consumidor e ele passa novamente a ter acesso ao crédito. A inflação de 4,5% e o índice de inadimplência, que é o menor dos últimos anos, não vão inibir o gasto do consumidor e a prova disso são as vendas no comércio baiano que cresceram 8,1% entre janeiro e outubro deste ano. As vendas de automóveis cresceram 15% e as de móveis e eletrodomésticos 7,5% no mesmo período, segundo o IBGE, e com o apelo do Natal todos os setores devem apresentar bons resultados.
O mesmo se dá com o setor serviços que cresceu 2,2% nos últimos doze meses. E, vale lembrar, os beneficiários do INSS e do Bolsa Família também têm direito ao abono natalino que vai aquecer o mercado principalmente nas cidades do interior.
Os números indicam que este deve ser o melhor Natal dos últimos anos e, assim como os comerciantes devem se preparar, garantido estoques e boas promoções, o consumidor deve estar atento na hora de comprar.
Na Black Friday, por exemplo, o consumidor tem de pesquisar, tem de ver os preços anunciados antes e depois das promoções, pois em algumas lojas há aumentos nos dias anteriores, e levar o celular em mão para comparar preços. Em relação ao uso do 13º salário, a recomendação é sempre a mesma. Para quem está endividado, a prioridade é pagar as dívidas com cartão de crédito, cheque especial e contas atrasadas necessariamente nessa ordem, pois os juros são extorsivos nas duas primeiras opções.
Para quem não está endividado, é sempre bom reservar uma parte do 13º para as despesas do início do ano, pois o aumento na matrícula escolar e na compra de material dá sinais de que será o dobro da inflação e ainda tem IPTU, IPVA e outras despesas. Para quem tem recursos, é bom aplicar em previdência privada ou guardar algum dinheiro para investimento ou capacitação. Feito isso, é hora de ir às compras que ninguém é de ferro, mas não de forma atabalhoada ou impulsiva, e, sim, usando a pesquisa de preços e o celular como armas em busca de preço baixo.
4ª MAIOR EMPRESA DA BAHIA
As três maiores empresas com sede na Bahia por faturamento anual são Braskem, Acelen e Suzano. E a 4ª maior é do agronegócio. Trata-se da ALZ Grãos, uma joint venture formada pelo grupo Ammagi, da família Maggi, pela Louis Dreyfus Company, multinacional francesa, e pela subsidiária do grupo japonês Zen-Noh Grain, empresas com expertise em comercialização de grãos, insumos agrícolas e logística. Sediada em Luiz Eduardo Magalhães, a ALZ Grãos atua exclusivamente na região do Matopiba, na área de cerrado dos estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. O faturamento é da ordem de R$ 10 bilhões/ano e a empresa ficou em 30º lugar entre as 500 maiores do agro brasileiro 2024 do Globo Rural.
E O PACOTE DE CORTE DE GASTOS?
A economia espera ansiosa pelo pacote de corte de gastos. A demora gera incerteza e já se sabe que a aprovação dificilmente sairá este ano. Lula mostra-se desconfortável com a proposta do Ministério da Fazenda de estabelecer uma banda para o ganho real, entre 0,6% a 2,5%, a mesma faixa de aumento de despesas do arcabouço, pois mexe em uma promessa de campanha: retomar a política de reajuste do mínimo com ganho real de salário. Hoje, o reajuste é inflação mais crescimento do PIBde dois anos anteriores. Ou seja, com inflação de mais de 4% e PIB de 3% o reajuste seria alto e está vinculado a grande parte das despesas do governo. Haddad sabe o que faz ao limitar o aumento até 2,5%.
Publicado no jornal a Tarde em 28/11/2024