A CAIXA Cultural Salvador apresenta, nos dias 29 e 30 de novembro e 1º de dezembro, o show O Samba Antes do Samba, do violinista baiano Roberto Mendes. As apresentações contam com um repertório recheado de composições clássicas e inéditas que celebram as raízes do samba do Recôncavo Baiano. As apresentações acontecem nos dias 29 e 30 de novembro, às 20h, e 1º de dezembro, às 19h. A atração conta pela primeira vez com um formato que une a viola, bateria, o violão, baixo e os tambores. O projeto é uma realização da Multi Planejamento Cultural e tem patrocínio da CAIXA e do Governo Federal.
Para os três shows, Roberto Mendes preparou uma lista de canções que fará o público se conectar com as raízes do samba do Recôncavo ao vê-lo, ao vivo e em cores, colocando sua técnica em prática no palco da CAIXA Cultural. Além das composições presentes no álbum Na Base do Cabula (2019), as apresentações rememoram músicas como “Só se vê na Bahia” (1996) e “Filosofia Pura” (1983), frutos de sua parceria de longa data com o professor, poeta e compositor Jorge Portugal, também filho de Santo Amaro.
O Samba antes do Samba é fruto de uma pesquisa do artista, filho de Santo Amaro da Purificação, que já dura mais de três décadas. Nela, Roberto se debruça sobre a história do samba e suas variantes, dando destaque à chula, que surgiu no século XIX em pequenas comunidades rurais da região e tem suas origens no norte de Portugal. “A ideia da apresentação é mostrar esse canto belíssimo. A chula é um verso cantado nas aldeias portuguesas, que veio pra cá, e nada mais é do que um comportamento que virou canção do Recôncavo baiano. (…) Existe uma história que tia Ciata, sambista, mãe de santo e curandeira santamarense, levou o samba para o Rio, mas esse samba que veio da Bahia nunca saiu daqui não”, afirma Roberto.
Para evidenciar ainda mais esse canto, o cantor e violonista estará acompanhado por uma banda composta por Gustavo Caribé, no baixo, Tedy Santana, nos tambores, Marcos Bezerra, no violão, e Iuri Passos na percussão/bateria. Mais do que estudioso do tema, sobre o qual já lançou dois livros, Mendes conheceu dezenas de tocadores de viola machete a viola diminuta e aguda do samba chula, e com eles aprendeu com esmero a técnica tradicional do instrumento, na qual indicador e polegar se alternam para ferir as cordas.
Foi esta técnica que o artista levou para o violão popular, transformando-o no que ele mesmo chama de instrumento percussivo de cordas feridas. Com isso, Roberto traduziu a chula para o violão popular brasileiro, inventando uma maneira singular e complexa de tocar o instrumento, o que o levou a ser um dos violonistas populares de maior renome no país.
“Eu desenvolvi essa técnica a partir dos irmãos Tavinho e Frade, do seu Tune, além de outros violeiros. São diferentes variantes da chula, a amarrada, o xáreu, a chula corrida, que é o conhecido como samba de roda, que era a parte profana do rito. Por isso costumo dizer que o samba de roda está para chula, assim como o afoxé para o candomblé”, conta Roberto Mendes.
Crédito: José de Holanda