Os trabalhadores portuários da Costa Leste e do Golfo dos EUA, que vão do Maine ao Texas, iniciaram uma greve inédita desde os anos 1970. Especialistas alertam que uma paralisação prolongada pode resultar em sérios danos à economia americana e ao transporte marítimo global.
Segundo uma análise do think tank The Conference Board, a economia dos EUA pode sofrer uma perda de US$ 540 milhões por dia durante a greve, totalizando cerca de US$ 3,78 bilhões em uma semana. Essa interrupção afeta 36 portos que representam 57% do volume de contêineres movimentados no país, além de serem responsáveis por um quarto do comércio internacional anual dos EUA, que gira em torno de US$ 3 trilhões.
Os produtos mais afetados pela greve incluem eletrônicos e automóveis. O movimento ocorre em um momento crítico, com prazos apertados para negociações antes das eleições presidenciais de novembro e em meio aos esforços dos varejistas para garantir estoques para a movimentada temporada de compras de fim de ano. Muitos varejistas têm desviado cargas para a Costa Oeste, mas essa alternativa é limitada.
Analistas preveem que a greve pode durar de cinco a sete dias, mas seus efeitos na cadeia de suprimentos podem se prolongar até janeiro e fevereiro. Nos portos de Nova York, cerca de 100.000 contêineres estão à espera de descarregamento, e 35 navios estão a caminho.
As negociações para um novo contrato, que envolve cerca de 25.000 trabalhadores, estão paradas há meses, principalmente em questões de salários e automação. A Aliança Marítima dos EUA (USMX) ofereceu um aumento de quase 50% nos salários e melhorias nos planos de pensão e saúde, mas isso ainda está abaixo do que o sindicato exige.
O governo dos EUA tem a opção de intervir para obrigar os trabalhadores a retornar ao trabalho, mas a proximidade das eleições torna essa possibilidade incerta. A Casa Branca está monitorando a situação e avaliando formas de mitigar os impactos, embora tenha indicado que os efeitos iniciais sobre os consumidores devem ser limitados.
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