O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse, na inauguração do Complexo de Energias Boaventura — antigo Comperj, que houve uma tentativa de acabar com a construção de navios, que resultou na paralisação de estaleiros pelo país.
O presidente saiu em defesa das políticas de conteúdo local e do fortalecimento da Petrobras e disse que a estatal poderia construir navios no Brasil, com os estaleiros nacionais também produzindo sondas de perfuração e plataformas de petróleo. No seu governo vários estaleiros foram criados no país, inclusive o Estaleiro Enseada em Maragojipe na Bahia, que chegou a empregar mais de 5 mil trabalhadores.
Lula disse que, em conversas com o setor empresarial naquela época, foi possível chegar a um consenso sobre a capacidade da indústria nacional e estabelecer índices de conteúdo local de 65% nos projetos de ativos da Petrobras.
Segundo o presidente, com a preferência por importar ativos nos últimos anos, a Petrobras fica sujeita às oscilações dos fretes no mercado internacional. “Temos que pagar frete para levar e para buscar. Para navios estrangeiros transportarem o que a gente poderia estar transportando com produtos brasileiros”, lamentou.
Ele ressaltou que a diferença de custo construindo no Brasil, em vez de importar, é compensada com os ganhos de conhecimento tecnológico, qualificação da mão de obra e geração de emprego e renda, assim como com o aumento do consumo. “É nas compras governamentais a possibilidade que o Estado tem de favorecer pequenas e médias empresas brasileiras a produzirem no Brasil com tecnologia brasileira, mão de obra brasileira, salário brasileiro e aço brasileiro para que possamos então fazer com que país cresça e se desenvolva. Não podemos ser mero importador de tudo”, enfatizou.
As falas do presidente aumentam as expectativas de que novas encomendas de navios pela Petrobras possam fazer ressurgir o Estaleiro Enseada que, atualmente, tem a operação limitada a menos de 15% da área do complexo industrial e apenas 200 trabalhadores. A empresa, que tem capacidade para performar projetos de construção naval & offshore, com investimento de R$ 3 bilhões.