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‘CHUVA PRETA’: ENTENDA O QUE É O FENÔMENO QUE VAI ATINGIR PELO MENOS CINCO ESTADOS A PARTIR DESTE SÁBADO

João Paulo - 14/09/2024 10:30 - Atualizado 14/09/2024

A fumaça das queimadas que encobre boa parte do país e uma frente fria devem levar a “chuva preta” a pelo menos cinco estados neste fim de semana. O fenômeno já foi registrado neste mês no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo, onde deve se repetir. A previsão é que atinja também o Mato Grosso do Sul. A chuva preta agrega a fuligem das queimadas na Amazônia, no Cerrado e em outros biomas, e se forma com a combustão incompleta de materiais orgânicos, como combustíveis fósseis (carvão e petróleo) e biomassa (madeira e resíduos agrícolas). A coloração escurece quando as gotas de chuva se misturam com partículas de fumaça e fuligem presentes na atmosfera.

— Quando os materiais orgânicos não queimam completamente, em vez de se transformarem inteiramente em dióxido de carbono e vapor de água, eles produzem partículas finas de carbono negro e outros compostos. Essas partículas são extremamente pequenas, com diâmetros na escala de nanômetros a micrômetros, o que lhes permite permanecer suspensas no ar por longos períodos e viajar grandes distâncias — explica a meteorologista Estael Sias, do MetSul.

No Rio Grande do Sul, cidades como Arroio Grande, São Lourenço do Sul, Pelotas e São José do Norte relataram o fenômeno. A estudante de nutrição Daniela Moreira, moradora de São José do Norte, contou ter ficado surpresa ao captar água da chuva que ela reutiliza em trabalhos domésticos e obter cinco baldes de líquido preto. — Não é sujeira do telhado ou calha. Sempre usamos o mesmo local para coletar chuva e usar posteriormente até para lavar roupa, de tão limpinha que é — escreveu a estudante em uma rede social.

No estado, a previsão é de que a precipitação escura atinja também a Região Metropolitana de Porto Alegre, de acordo com o MetSul Meteorologia. Santa Catarina teve chuva preta em Maravilha, Iporã do Oeste e Chapecó. A frente fria que passará pelo território gaúcho vai avançar pelo Oeste catarinense, gerando tempo instável. Além da chuva preta, há risco de destelhamentos, alagamentos e enxurradas no fim de semana.

Na cidade de São Paulo, a chuva tingida pela fuligem foi registrada na quinta-feira, na parte da Zona Oeste que faz divisa com Osasco. No interior do estado, apesar de ainda não ter havido registro do fenômeno, os incêndios em várias áreas têm gerado plumas de fumaça que cobrem cidades inteiras e até formaram um redemoinho de fuligem na região de Mococa. De acordo com Climatempo, a frente fria no final de semana poderá trazer chuvas que ajudarão a dispersar a fumaça, reduzir os focos de incêndio e melhorar a qualidade do ar em São Paulo. Mas poderá haver chuva preta.

Imprópria para beber

A chuva preta tem cheiro de fumaça e não oferece risco maior do que sujar o corpo quando entra em contato com a pele. Mas a água é imprópria para o consumo de pessoas e de animais, devido à presença de contaminantes ainda desconhecidos por especialistas.

Segundo o MetSul, o prejuízo para o meio ambiente está relacionado ao carbono na água, que, quando entra no solo, prejudica a composição química e a absorção de nutrientes pelas plantas. Além disso, ela pode deixar uma camada de sujeira nas superfícies de prédios, veículos e infraestrutura, o que pode levar à degradação dos materiais e aumentar custos de manutenção.

Como se cuidar com a chuva negra

A água da chuva negra é imprópria para o consumo humano, mas o contato com o corpo não oferece maior perigo além de sujar a pele e as roupas. Mesmo assim, é preciso cuidados que não diferem muito dos recomendados para áreas que já estão poluídas por nuvens de cinzas das queimadas da Amazônia e do Cerrado..

Máscaras: O uso voltou com as ondas de fumaça sobre as cidades. No caso de chuva negra, ele deve ser avaliado individualmente. As máscaras auxiliam na redução da exposição às partículas maiores, em especial para pessoas com condições crônicas, como pneumopatas, cardiopatas e pessoas com problemas imunológicos.

Atividades físicas: A regra que vale para a fumaça, vale para a chuva: evite atividades ao ar livre em períodos de elevada concentração de poluentes e mantenha portas e janelas fechadas.

Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo

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