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ARMANDO AVENA – BAHIA E SALVADOR: O TAMANHO DA ECONOMIA

Redação - 12/09/2024 08:58 - Atualizado 12/09/2024

A Bahia e sua capital, Salvador, são os grandes polos econômicos da região Nordeste. No entanto, nas palestras que venho realizando, paira no ar uma ideia de que a economia de outros estados do Nordeste está superando a da Bahia. Não é verdade.  A Bahia é uma economia maior e mais complexa do que os demais estados nordestinos. Para começar, o PIB da Bahia representa 28,3% do PIB do Nordeste, quase a soma da participação dos estados de Pernambuco e Ceará, que juntos representam 33%, segundo informa o último dado disponível do IBGE. Apesar disso, há uma ideia equivocada de que Ceará e Pernambuco possuem um setor de serviços e um comércio maior e com mais empresas locais do que a Bahia, quando na realidade aqui está cerca de 30% do setor na região, algo que, de novo, é quase o percentual dos dois estados somados.

Apesar disso, de vez em quando aparece alguém esgrimindo um clichê do tipo: “A Bahia é a terra do já teve. Já teve uma grande rede de supermercados, referindo à Paes Mendonça, um mercado imobiliário que era o maior do Nordeste e o maior comércio do Nordeste”.  Tudo errado.  A Bahia ainda tem grandes redes de supermercados, seis entre as 100 maiores do país, todas de origem local, sendo que uma delas fatura mais de R$ 4 bilhões por ano. A construção civil é dinâmica e exibe o maior número de lançamentos e vendas do Nordeste e o estado tem o shopping center com maior volume de vendas da região. E isso sem falar na indústria de transformação, que participa com cerca de 35% do total nordestino, das exportações, que participam com 46% do total, e da produção de grãos do cerrado nordestino, o Matopiba, da qual 40% têm origem na Bahia.

Salvador, por outro lado, é o maior polo turístico do Nordeste, o 8º maior produtor de serviços entre 27 capitais, o 9º maior PIB industrial entre as capitais e é um grande polo comercial, segundo o IBGE. Ou seja, em se tratando de economia, a Bahia e sua capital não fazem feio.

A visão equivocada pode ser resultado do fato da Bahia ter caído do 6º para o 7º lugar no ranking dos maiores PIBs brasileiros, perdendo o lugar para Santa Catarina e de Salvador ter perdido a liderança entre as capitais nordestinas para Fortaleza. Como explicar isso? No caso da Bahia, a partir de 2015, Santa Catarina investiu maciçamente em infraestrutura, montou uma agressiva política de incentivos e, como está próxima de São Paulo, os efeitos foram imediatos. Mas se a Bahia acelerar os projetos em infraestrutura, como a Ferrovia Oeste/Leste e o Porto Sul, e outros investimentos ferroviários, rodoviários e portuários, sua posição melhora.

 No que concerne a Salvador, a perda de posição se deu por conta de uma desastrada política urbana e tributária, implantada em 2015, que desestimulou as atividades industriais e de logística. Mas  Salvador mudou essa política em 2023 e passou a reduzir impostos e estimular a implantação de empresas industriais e logísticas e, se continuar assim, vai melhorar no ranking.

O fato é que tanto a Bahia quanto Salvador mantêm a dinamicidade econômica. E não destacamos o turismo, setor em que o estado, diferente dos demais, tem mais de uma dezenas de destinos competitivos e  dois deles são destaque no Brasil: Salvador, maior capital turística do Nordeste; e Porto Seguro, a praia de mineiros e paulistas, que disputa com outras capitais o top 6 do turismo nordestino.

E o espaço vai ser insuficiente para falar do potencial mineral, do agronegócio, setor de pesquisa e desenvolvimento ( Senai/Cimatec, Ford etc)  da energia eólica e solar, do complexo industrial de saúde e educação, do poderoso setor de óleo e gás e por aí vai. Claro, a Bahia e sua capital ainda têm muitos problemas a resolver, especialmente no âmbito social e de infraestrutura, mas quando se trata de economia é preciso acabar com esse complexo de vira-lata e afirmar com todas as letras: a Bahia e sua capital são os grandes pólos econômicos do Nordeste.

                                                                E O PODER DE DECISÃO?

Embora a economia baiana seja dinâmica, o poder de decisão de muitas empresas aqui instaladas está fora da Bahia. Mas esse é um problema do capitalismo, que é concentrador por natureza e é em toda a parte.  Muitas das grandes empresas no Brasil também têm seu poder de decisão lá fora, como as bigtechs, a Amazon, o Mercado Livre e tantas outras. Na área médica e educacional nem se fala. E o empresário local tem de buscar formas de se relacionar com essas estruturas, mostrando as especificidades deste mercado. E buscar os nichos, as áreas que são antieconômicas para os grandes, os serviços, as demandas específicas, explorar a proximidade, a fidelidades e por aí vai.

Publicado no jornal A Tarde em 12/09/2024

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