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BANCOS CONCEDERAM R$ 68 MI EM CRÉDITO RURAL A ÁREAS EMBARGADAS POR USO ILEGAL DE FOGO NA AMAZÔNIA E NO CERRADO

Hugo Leite - 28/08/2024 16:59

Um levantamento inédito do Greenpeace Brasil divulgado nesta quarta mostra que bancos públicos e privados têm emprestado recursos financeiros, como o crédito rural, para produtores rurais envolvidos com desmatamento e queimadas criminosas.

O documento identificou que de 2.261 imóveis rurais com algum tipo de embargo ambiental que obtiveram crédito rural nos últimos seis anos, 133 deles estavam embargados por causa do uso do fogo, especificamente. Juntos, esses imóveis embargados por causa de fogo conseguiram R$ 68.276.530,51 em crédito. A maioria deles (122 imóveis) estão localizados na Amazônia e o restante (11 imóveis) está no Cerrado.

Dos imóveis rurais envolvidos com o uso ilegal do fogo, o levantamento também identificou que 85,5% das operações de crédito foram emitidas APÓS o registro de embargo por uso ilegal de fogo; ou seja, o embargo por uso ilegal do fogo não tem impedido que bancos concedam empréstimos.

Chama atenção, também, que 14,5% das operações de crédito (envolvendo esse tipo de imóveis) foram emitidas ANTES do registro de embargo por uso ilegal de fogo. E 116 dos 122 imóveis rurais financiados e com embargo por uso ilegal de fogo na Amazônia queimaram pelo menos uma vez em 6 anos. Juntos, eles somam uma área queimada equivalente a 1,8X o tamanho de Paris.

Outro dado é que 7 dos 11 imóveis rurais financiados e com embargo por uso ilegal de fogo no Cerrado queimaram pelo menos uma vez em 6 anos. Em contrapartida, a impunidade dos infratores ambientais é mínima: apenas 0,1% das multas ambientais associadas ao uso ilegal de fogo nas propriedades mapeadas no estudo foram quitadas. Ou seja, de mais de R$ 57 milhões (R$ 57.807.654,00) em multas aplicadas, apenas cerca de R$ 95 mil (R$ 95.835,50) foram pagos.

“Se as pessoas comuns que tentam obter financiamento no banco para comprar uma casa, por exemplo, passam por uma extensiva análise, por que fazendeiros que incendeiam suas áreas e contribuem com a emergência climática não passam por essa análise?”, questiona a coordenadora de Florestas do Greenpeace Brasil, Cristiane Mazzetti.

Cerca de 80% dos recursos identificados foram aplicados na Amazônia e 20% no Cerrado. A maior parte dos recursos foi direcionada para aquisição ou manutenção de bovinos.

Os bancos que concederam crédito a essas áreas são: Banco do Brasil, com 266 operações; Banco da Amazônia, 61; Banco do Nordeste, 6; e Bradesco, 1. Cooperativas de crédito também aparecem no levantamento, com 19 operações.

Foto: Ibama.

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