A Bahia está se consolidando nacionalmente como um estado líder em economia verde e eletro mobilidade. A Bahia possui enorme potencial para a produção de energia renovável e já produz em média 30% de toda a energia eólica e 20% de toda a energia solar do país, de acordo com os órgãos reguladores e a matriz elétrica do estado é mais de 90% renovável.
Isso é uma vantagem competitiva – especialmente agora que foi aprovado no Congresso Nacional a Política Nacional do Hidrogênio de Baixa Emissão de Carbono fornecendo segurança jurídica e incentivos para os projetos de hidrogênio verde –, afinal só faz sentido produzir hidrogênio através de fontes limpas de energia. Ciente disso, o BNDES juntamente com o governo do estado está elaborando um plano de investimento com a previsão de financiamento para o setor.
A Bahia tem potencial para produzir mais de 60 milhões de toneladas de H2V por ano, segundo o Mapa do Hidrogênio Verde da Bahia,estudo pioneiro desenvolvido pelo Senai/Cimatec em 2022. Esse estudo identificou as regiões da Bahia com maior potencial para a produção do combustível feito a partir de fontes de energia limpas como também o mapeamento da cadeia produtiva associada.
É tão grande a vantagem competitiva da Bahia nessa área que ano passado foi anunciado a construção da primeira fábrica de hidrogênio verde do Brasil, um investimento de US$ 1,5 bilhão. Infelizmente, o grupo Unigel entrou em recuperação extrajudicial, o que traz incerteza quanto à retomada do projeto. Mas é preciso estimular novos projetos.
Por outro lado, estamos avançando na produção de energia limpa e, só para citar um exemplo, a Acelen, com apoio da Petrobras, vai investir cerca de R$ 12 bilhões na construção de uma biorrefinaria para produção de diesel renovável e a querosene de aviação sustentável, através de óleos vegetais, com início de produção prevista para 2026.
No que se refere à eletro mobilidade, além de sediar um grande polo produtor de carros elétricos, a fábrica da BYD, prevista para começar a produzir em 2025, vai produzir as baterias em Camaçari. E ampliando as possibilidades do polo de eletromobilidade, a Bravo Motor Company anunciou que investirá R$ 1,27 bilhão na construção da primeira fábrica de baterias de lítio da América Latina, em São Sebastião do Passé. Segundo a empresa, a fábrica terá capacidade instalada de produção de 2 gigawatts-hora por ano em parceria com as multinacionais como ABB e Rockwell Automation. Pode estar surgindo aí uma cadeia produtiva que vai da mineração até a produção de baterias. A fábrica produzirá células de bateria de lítio para veículos elétricos e sistemas de armazenamento de energia por bateria, produtos essenciais na transição energética e na descarbonização da economia.
O fato é que Bahia achou um lugar especial na matriz produtiva do século XXI, dado por sua especialização em energia renovável, hidrogênio verde e eletromobilidade e pode se tornar um importante player da economia verde.
BAHIA: BALANÇO NAS CONTAS
Em audiência na Assembleia Legislativa esta semana, o secretário da Fazenda, Manoel Vitório, afirmou que a Bahia tem um patamar de endividamento de apenas 26% da receita, o menor desde o ano 2000. Segundo ele, a Bahia investiu R$ 2 bilhões no primeiro quadrimestre em obras destinadas à infraestrutura e à melhoria na prestação de serviços públicos, superado apenas por São Paulo, que registrou R$ 2,7 bilhões. O pagamento de precatórios preocupa, pois o estado vem cumprindo a lei e o saldo dos débitos, resultantes de decisões judiciais, deve superar o valor da dívida do Estado. Ainda assim, a dívida baiana está entre as menores do país. Em 2024 a Bahia vai pagar R$ 1,29 bilhão em precatórios.
AS VENDAS DA BAHIA
A Bahia é de longe o principal estado exportador da região Nordeste representando 46% do total exportado pela região no 1º semestre de 2024. A soja foi nosso principal produto de exportação e representou 22% de nossas vendas externas, seguido pelo óleo combustível com 19%, papel e celulose e petroquímicos. Por conta disso, nossos maiores exportadores são os municípios de São Francisco do Conde (22%) e Luiz Eduardo Magalhães (19%). As vendas de cacau aumentaram em 100%, de metais preciosos 200%, minerais 100% e algodão outro tanto. A China é nosso maior parceiro comercial e compra 26% de tudo que a Bahia vende, vindo a seguir Singapura e os Estados Unidos. Os dados são da SEI.
Publicado no jornal A Tarde em 15/08/2024