O governo federal avalia um conjunto de medidas emergenciais para socorrer a indústria eólica, em meio a forte crise do setor. Há dois anos, o segmento vê minguar a quantidade de novos projetos de geração e, consequentemente, o volume de pedidos de equipamentos, como turbinas, pás e outros componentes.
Na Bahia, empresas que produzem equipamentos eólicos fecharam ou interromperam a produção. A Torres Eólicas do Nordeste, joint venture entre a brasileira Andrade Gutierrez e a americana GE, que já teve 500 empregados, hoje mantém 50. E Siemens Gamesa, em Camaçari, suspendeu suas operações no início do ano passado em Camaçari, na Bahia.
Hoje há, pelo menos, dois problemas que afetam a indústria e que se retroalimentam. A acentuada queda nos preços dos painéis solares no mercado internacional e a importação de painéis solares baratos da China
Esse movimento afeta a competitividade das eólicas em projetos de grande porte ante os empreendimentos fotovoltaicos e, ao mesmo tempo, estimula a instalação de novos sistemas de geração distribuída (GD), o que reduz o mercado das distribuidoras.
E a sobreoferta de energia no mercado regulado (aquele atendido pelas distribuidoras de energia elétrica), que torna desnecessária a realização de leilões para contratação de novas capacidades para atender às distribuidoras. Isso também pressiona os preços da energia no mercado livre, dificultando a rentabilização de novos empreendimentos.
O governo estuda a questão. Uma proposta seria conceder incentivos à exportação de equipamentos brasileiros para tirar a pressão de curto prazo nas fábricas, evitando novas demissões e fechamentos de linha de produção.
Isso ajudaria a indústria nacional a buscar espaço como fornecedora de países na dianteira dos investimentos voltados para transição energética, como Estados Unidos e nações europeias.
Já fabricante de origem dinamarquesa Vestas, que dominou o mercado brasileiro de turbinas nos últimos anos, e tem fábrica na Bahia, tem alertado o governo.
Na última sexta-feira, executivos da empresa estiveram com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para discutir “medidas para isonomia competitiva do setor eólico brasileiro”.
A outra opção analisada no governo é fazer ajustes em linhas de crédito para financiamento e em tarifas para importação de equipamentos. Também cogita-se a exigência de conteúdo nacional em projetos solares financiados por bancos públicos, como o Banco do Nordeste (BNB).
Discute-se também ações como a inclusão das baterias associadas a geração renovável no Leilão de Reserva de Capacidade modalidade Potência de 2024 e o fomento ao setor de serviços dedicados à indústria de instalação, comissionamento e manutenção de turbinas eólicas e aerogeradores. (Broadcast)