O primeiro passo para estabelecer políticas de desenvolvimento econômico, que estimulem o crescimento e o desenvolvimento do setor industrial de um estado, é mapear os desafios e isso inclui buscar novos caminhos, novas alternativas, destravar burocracias, fazer entregas com mais precisão e mais celeridade. Posso começar logo de início afirmando que temos caminhado, junto com nossa equipe da SDE e com o governador Jerônimo Rodrigues, para superar com muito trabalho e persistência as dificuldades. E temos avançado. Nos próximos meses, vamos fazer entregas concretas para alavancar ainda mais as políticas e estimular o setor industrial.
No início do ano, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) anunciou como prioridade a política de reindustrialização ou neo-industrialização e o ministro Geraldo Alckmin tem defendido largamente ferramentas de incentivos governamentais para a economia 5G, a indústria 4.0 e o necessário combate às mudanças climáticas, voltado à redução da emissão de gases de efeito estufa, visando a sustentabilidade ambiental. Acredito que temos capacidade de surfar na onda deste momento de intensa preocupação e oferta de novas políticas públicas. A Bahia tem o maior complexo químico da América Latina: o Polo Industrial de Camaçari. Temos cultura industrial de alta intensidade, geração de emprego e tecnologias avançadas. Temos indústrias de base que, evidentemente, vão aproveitar este novo momento para o desenvolvimento da política industrial do nosso Estado.
Desde o início do governo, temos trabalhado uma série de ações para atrair mais empresas, aumentar a competitividade, o desenvolvimento tecnológico, a inovação, gerando mais empregos e renda. Temos realizado importantes missões internacionais para atração de investimentos. Ano passado, nossa ida à China resultou na atração de investimentos que hoje são realidade em nosso estado. A chegada da BYD é um fato. Assinamos em março deste ano contrato de compra e venda do imóvel, pertencente ao Estado, concedendo o uso da área pela fabricante, que anunciou R$ 5,5 bilhões de investimento na implantação da fábrica em Camaçari, quase o dobro do previsto inicialmente. A chinesa também dobrou a quantidade de empregos e a partir de agora a estimativa são 10 mil vagas. Serão três unidades fabris da montadora, com promessa de adequação da planta até o final deste ano e produção integral em meados de 2025. Já a implementação de toda a fábrica levará dois anos. Contaremos com uma nova planta, que terá 650 mil metros quadrados de área construída e, a partir da segunda etapa do projeto, o antigo complexo da Ford será reformado para ser utilizado para atração e a implantação da cadeia de fornecedores.
E se o assunto é energia limpa, a Bahia é a grande bola da vez. Atraímos duas gigantes chinesas, que terão unidades fabris pela primeira vez fora do país asiático em Camaçari. A Sinoma Blade, maior fabricante de pás eólicas do mundo, instalou sua primeira fábrica, onde é produzida atualmente uma pá de 84 metros, a maior já fabricada no país. Tive oportunidade de fazer uma visita técnica à fábrica em abril deste ano, exatamente um ano após nossa primeira missão à China e ver as primeiras pás produzidas em solo baiano. O primeiro equipamento será entregue em outubro deste ano. Já a implantação da Goldwind Energia Renováveis, especializada em aerogeradores, tem previsão de início da operação para 2024. Outras missões virão para a atração de mais investimentos.
Também é preciso dizer que os investimentos estão caminhando para o interior do estado. Nos últimos cinco anos, a gente tem percebido que 75% a 78% dos investimentos incentivados estão sendo implantados no interior, enquanto 25% a 22% tem se instalado na Região Metropolitana. Nossa expectativa é continuar trabalhando para tornar a Bahia mais equilibrada do ponto de vista do combate à desigualdade e de uma melhor distribuição de renda. Essa é uma tendência que existe e creio que não tem volta. Temos a expansão da indústria de papel e celulose no Extremo Sul, a fruticultura no Norte e Extremo Sul do estado e a fronteira do agronegócio, que tem expandido cada vez mais no Oeste, com produção de energia a partir de biomassa e com um potencial gigantesco de etanol de milho, capaz de absorver a produção do grão na região do Matopiba. A decisão estratégica e assertiva do governador Jerônimo Rodrigues em continuar ampliando e fortalecendo os investimentos na agricultura familiar fará da Bahia um estado com pujança na produção de alimentos, que vai chegar à mesa das pessoas. Esses investimentos seguramente vão trazer melhor condição de vida e de renda para o nosso campo, engajando o agricultor familiar com o agronegócio.
A mineração é outro importante pilar na Bahia. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), o estado finalizou 2023 em terceiro lugar no valor de produção mineral no país, com R$ 9,7 bilhões, atrás apenas de Minas Gerais e do Pará. Ainda segundo o instituto, o setor gera 15 mil vagas diretas de emprego e para cada direta, outras 11 indiretas são geradas, ou seja, estamos falando de mais de 180 mil famílias impactadas pela atuação minerária, com distribuição de renda e, vale observar, com as melhores médias salariais entre os diversos segmentos econômicos do estado. A atividade tem papel relevante e influência, de forma direta, no crescimento e desenvolvimento de mais de 200 municípios baianos que sediam projetos minerários. Empresas de mineração da Bahia vêm contribuindo, de forma decisiva, para a preservação ambiental e boas práticas de responsabilidade social, seja nas ações diretas para preservação, reflorestamento e incentivo à agricultura familiar, seja na capacitação de professores e futuros profissionais e, em muitos destes projetos, com a participação direta do Governo do Estado.
Outra grande janela de oportunidades é a produção de energia elétrica a partir das energias renováveis no semiárido, que gera muita empregabilidade durante a construção e modifica a vida das pessoas que estão naquela localidade onde o empreendimento se instala, levando novas expectativas para as pessoas que moram no entorno das unidades implantadas. Estamos vivenciando, nesta primeira metade do século XXI, o necessário debate da transição energética, vital para o processo de discussão e combate às mudanças climáticas. O mundo desenvolvido aponta o hidrogênio verde como a nova matriz energética mundial, já denominada de ouro verde. Esse produto e seus derivados serão capazes de nos entregar combustíveis verdes, fertilizantes verdes, produtos de aço verdes, gerando, portanto, uma economia verde, economia do futuro.
Somos detentores dos melhores ventos e dos melhores níveis de irradiação. Temos mais de 90% da nossa energia produzida a partir de fontes energéticas limpas, seja hidráulica, solar ou eólica. Reunimos todos os ingredientes que sustentam o discurso e a prática para que possamos chegar ao hidrogênio verde mais barato produzido no mundo, porque temos energia limpa, abundante, segura e barata para produzi-lo. O primeiro Atlas de Hidrogênio Verde do mundo, fruto de uma parceria do Governo do Estado com a Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), através do Senai CIMATEC, foi lançado pela Bahia na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP28) ano passado. O documento apresenta um mapeamento detalhado das potencialidades para a produção de hidrogênio verde no estado, explorando recursos renováveis para a sua geração, consolidando a Bahia como referência global no setor de energias limpas. Neste contexto, o estado desponta como um terreno fértil para a produção do combustível e seus derivados, apresentando um conjunto de características singulares que colocam o estado na vanguarda dessa nova fronteira energética.
Contamos com recursos naturais abundantes e uma matriz elétrica majoritariamente renovável, com destaque as fontes eólica e solar fotovoltaica, que se mantêm em plena expansão no território baiano. A Bahia conta ainda com uma infraestrutura logística robusta, incluindo portos e aeroportos, facilitando o escoamento para mercados consumidores nacionais e internacionais. Temos ainda dois grandes projetos estruturantes que serão fundamentais para o estado. Com a concretização da Ferrovia de Integração Oeste Leste (FIOL), importante vetor de desenvolvimento logístico e econômico para a Bahia, teremos uma solução logística para as mineradoras. A Ponte Salvador-Itaparica será a consolidação do plano que vai transformar a realidade econômica, social, turística e de mobilidade urbana nas regiões da capital baiana, Ilha de Itaparica e seus entornos.
A Bahia apresenta um ambiente propício para pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias, uma vez que possui universidades e centros de pesquisa renomados, capazes de fomentar a pesquisa em diversos setores. O apoio governamental demonstrado por forte compromisso com a criação de políticas de desenvolvimento econômico, fato que pode ser evidenciado através de políticas públicas e uma excelente cartilha de incentivos fiscais para empreendimentos. A junção desses fatores é o compromisso constante do Governo do Estado da Bahia em fomentar o desenvolvimento do setor industrial.
Para finalizar, não posso deixar de tocar em um importante ponto, a reforma tributária, que vai impactar diretamente na vida de cada um dos empresários e empresárias e no nosso estado, já que teremos a extinção dos benefícios fiscais em 2032. Já estamos nos antecipando neste processo e montando um seminário e um plano de trabalho, que será muito bem estruturado por meio de um estudo que mostre aos investidores que mesmo com o fim dos benefícios, a Bahia continua sendo uma opção, não só pela qualidade da mão-de-obra, que nós temos e somos referência, mas pela nossa localização, pela produção de energia limpa, matéria-prima, ambiente seguro, infraestrutura e todo um ecossistema perfeito para continuar atraindo e mantendo as empresas por aqui. Temos lutado ao lado do governador Jerônimo para construir a nova Bahia.
Angelo Mário Cerqueira de Almeida – Secretário de Desenvolvimento Econômico da Bahia
Foto: João Ferreira – SDE