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ARMANDO AVENA – A BAHIA E O NORDESTE ENTRE 2026 E 2034

Redação - 30/05/2024 07:59 - Atualizado 30/05/2024

Um estudo da Tendências Consultoria, divulgado esta semana, afirma que entre 2026 e 2034 a região Nordeste terá um crescimento do PIB maior que a média nacional. Segundo o estudo, o PIB da região vai crescer 3,4% no período, acima dos 2,5% esperados para o país. O leitor desta coluna já sabe que previsões desse tipo são questionáveis, mas a indicação dos investimentos, especialmente privados, dá consistência ao número.

De acordo com a consultoria, haverá investimentos privados importantes nas áreas de gás natural e petróleo, energia eólica, mineração e no agronegócio.  E em infraestrutura, destacando-se aí a concessão de aeroportos, a Ferrovia de Integração Oeste-Leste e os investimentos das distribuidoras de energia e empresas de saneamento.

No setor de energia renovável, por exemplo, há vários projetos que entrarão em produção no período. Há investimentos já em andamento de R$ 21 bilhões na construção de parques eólicos. E cerca de R$ 130 bilhões de projetos outorgados, mas ainda não iniciados. Só uma única empresa na Bahia, está investindo R$ 6 bilhões no Conjunto Eólico Serra do Assuruá, no município de Gentio do Ouro, e já está com  44% de obras concluídas. E há também os projetos de energia solar que vão mobilizar bilhões em investimentos em geração distribuída (nos telhados das casas) e geração centralizada em grandes parques solares. Na energia solar, Bahia, Piauí e Ceará vão ficar com cerca de 60% do volume total investido na região, segundo a Tendências. E na área industrial estão previstos ainda a biorrefinaria da Acelen, para produção de diesel renovável e querosene de aviação sustentável, investimento de mais de R$ 12 bilhões, e a refinaria no Complexo do Pecém, investimento de R$ 10 bilhões da Noxis Energy. E há dezenas de outros projetos na área de petróleo e gás.

Segundo a consultoria, o crescimento da região deve ser liderado pela agropecuária, pela indústria e pelo crescimento do turismo. Na indústria, além dos investimentos em energia, está previsto a maturação de parte dos R$ 13 bilhões de investimentos anunciados pela Stellantis (dona das marcas Fiat, Peugeot e Citroën, Jeep e Ram) em Pernambuco, e dos R$ 5,5 bilhões de investimentos da BYD em Camaçari, na Bahia.

A consultoria destaca também como relevante o setor de saneamento, que já tem investimentos contratados até 2026 da ordem de R$ 66 bilhões, em um prazo médio de 30 anos, em 842 municípios, mas cuja concentração se dará nos primeiros 10 anos para se cumprir o marco do saneamento, que prevê que 99% da população terá água tratada e 90% de esgoto até 2033. Quem lidera os investimentos em saneamento é Pernambuco, seguido por Maranhão e Piauí. A Bahia precisa avançar mais nesse setor.

A Tendências devia dar  maior atenção ao agronegócio,  um setor que tende a crescer exponencialmente na região Nordeste, especialmente no Matopiba, que inclui os cerrados do Oeste da Bahia, Maranhão e Piauí, além do Tocantins, mas aposta claramente na ampliação da produção.

Por fim o estudo  cita os investimentos públicos bilionários previsto no  Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) que, como o leitor sabe, demora uma vida para se concretizar, mas cuja previsão é de R$ 700 bilhões para o Nordeste, o que significa que, se 30% disso for realizado,  já será uma revolução na infraestrutura.

Com tudo isso, o PIB da região pode crescer 3,4% e o setor industrial mais de 4%, o que será bom para o Nordeste, que desde 2015  vem crescendo menos que o Brasil.

 O estudo da Tendências Consultoria não leva em conta os problemas conjunturais, nacionais e internacionais que podem surgir no período de 2026 a 2034, mas é uma excelente sinalização de que no longo prazo há boas perspectivas econômicas para a região Nordeste.

                                                   OURO EM ALTA

A demanda por ouro está crescendo no mundo. E o preço do ouro atingiu US$ 2,4 mil a onça este mês. A demanda está aumentando porque a China, embora seja o maior produtor do mundo, está comprando cada vez mais. Claro, isso tem a ver com a tensão política mundial, por causa da invasão da Ucrânia pela Rússia e da guerra em Gaza. Mas também tem a ver também com a inflação americana que está fazendo o dólar, que tem a função de reserva de valor no mundo inteiro, perder seu poder aquisitivo. E porque as grandes minas de ouro do mundo estão em fase de exaustão. Os Estados Unidos é o país com o maior estoque de ouro do planeta, mas a China já tem mais de um quarto das reservas dos EUA.

Publicado no jornal A Tarde em 30 de maio de 2024

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