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ADARY OLIVEIRA – A INDÚSTRIA QUÍMICA E A REDUÇÃO DO GÁS CARBÔNICO

Redação - 13/05/2024 12:00 - Atualizado 13/05/2024

O gás carbono (CO2) é produzido pela respiração dos animais e pela combustão de qualquer substância orgânica, isto é, que contenha carbono. Ele é encontrado no ar atmosférico e representa apenas 0,03% de sua composição. O CO2 é um dos principais responsáveis pelo efeito estufa na atmosfera, pois forma uma camada que impede que a radiação solar, refletida pela superfície em forma de calor se dissipe no espaço, o que garante as condições de temperatura e clima necessários para a existência da vida na terra. Em outras palavras o CO2 em alta concentração polui o ar que respiramos e eleva a temperatura da Terra.

A queima de combustíveis fosseis (carvão, óleo combustível, gasolina, querosene, gás natural etc.) para a geração de energia é um dos principais responsáveis pelas emissões de CO2 e consequente poluição da atmosfera. A substituição desses combustíveis por outros menos poluentes, como a biomassa, e a geração de energia limpa como a hidráulica, solar ou eólica, é a solução mais indicada para se reduzir as emissões desse poluente.

Também, por incrível que pareça, a indústria química desempenha um papel crucial na redução das emissões de dióxido de carbono durante os processos produtivos. Com a crescente preocupação com as mudanças climáticas, as empresas do setor têm buscado ativamente formas de minimizar seu impacto ambiental e contribuir para um futuro mais sustentável. Uma das maneiras pelas quais a indústria química tem trabalhado para reduzir as emissões de CO2 é através da inovação em processos de produção mais limpos e eficientes. Isso inclui a adoção de tecnologias mais avançadas, o uso de fontes de energia renovável e a otimização dos sistemas de produção para minimizar o desperdício e as emissões de gases de efeito estufa.

Além disso, a indústria química tem investido em pesquisa e desenvolvimento de novos materiais e produtos que possam substituir substâncias mais poluentes e contribuir para a redução das emissões de CO2 ao longo de sua vida útil. Isso inclui o desenvolvimento de plásticos biodegradáveis, combustíveis alternativos e produtos químicos mais ecoeficientes. Outra abordagem importante adotada pela indústria química na redução de CO2 é a implementação de práticas de reciclagem e reutilização de materiais. Ao promover a economia circular, as empresas do setor conseguem reduzir a demanda por matérias-primas virgens, minimizando assim as emissões associadas à sua produção.

O gás carbônico pode passar para o estado líquido ou para o estado sólido, se submetido a altas temperaturas negativas. O gás carbônico sólido, o chamado gelo seco é usado na refrigeração de alimentos, na indústria de bebidas, em extintores de incêndio e em efeitos especiais. Aqui na Bahia funcionou uma fábrica de gelo seco que abastecia a indústria de refrigerantes e os carrinhos de sorvete e picolé. Sua razão social era Liquid Carbonic, estava localizada em São Tomé de Paripe e queimava óleo diesel. No outro lado, a Cabonor, localizada no Polo Industrial de Camaçari, usa CO2 como matéria prima na fabricação de bicarbonato de sódio.

Outra aplicação de gás carbônico é na sua injeção nos poços de petróleo, aumentando a pressão necessária para extração do óleo. Tal operação faz aumentar a sua extração. No pré-sal brasileiro o gás natural produzido está contaminado com gás carbônico. Esta contaminação varia de 10 a 90% dependendo do poço produtor. Parte desse gás é purificado por processo físico de separação e o gás carbônico assim obtido é injetado nos poços de petróleo. Boa parcela do gás natural associado ao petróleo produzido, ainda contaminado de CO2, é reinjetado nos poços produtores.

A Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim) tem debatido nacionalmente o assunto e conta com a colaboração dos seus associados. Por outro lado, a Abiquim tem demonstrado ao governo a necessidade de se adotar políticas públicas que contribuam para a redução das emissões de CO2 através de estímulos aos investimentos para redução das emissões e captações desse gás na atmosfera. O tema será abordado em palestras que serão proferidas na Bahia Oil & Gas Energy que será realizada no Centro de Convenções de Salvador de 22 a 24/05 deste ano

Trocando em miúdos, a indústria química desempenha um papel fundamental na redução das emissões de CO2 no processo produtivo, adotando práticas mais sustentáveis, investindo em inovação e tecnologia verde, e promovendo a transição para uma economia mais circular e de baixo carbono. A colaboração entre empresas, governos e a sociedade em geral é essencial para enfrentar os desafios das mudanças climáticas e construir um futuro mais sustentável para as gerações futuras.

Adary Oliveira é engenheiro químico e professor (Dr.) – [email protected]

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