terça, 08 de abril de 2025
Euro 6.49351 Dólar 5.9159

JOSÉ MACIEL – PERSPECTIVAS DA PRODUÇÃO DE CACAU EM ÁREAS NÃO TRADICIONAIS

Redação - 06/05/2024 10:50
O site “mercado do cacau”  (mercadodocacau.com.br) veiculou em abril deste ano uma matéria, em que manifestava a expectativa de que a  produção de cacau na Bahia possa renascer com os plantios que estão se concretizando  nas regiões de cerrado  e do semiárido , com resultados animadores de produção e produtividade por hectare.
A manifestação acima suscita uma breve discussão de pelo menos 3 questões acerca das possibilidades de recuperação, renovação ne revigoramento da economia cacaueira em nosso Estado.
A primeira diz respeito à possibilidade de recuperação da economia do cacau nas áreas tradicionais  baianas, particularmente agora em que  os preços do produto estão em patamares bem acima das cotações históricas; a segunda trata das possibilidades de novas regiões do Estado não tradicionais na produção de cacau, mas que podem talvez viabilizar uma produção com níveis tecnológicos acima daqueles observados predominantemente nas zonas de produção tradicionais; a terceira remete ao exame preliminar das experiências e do potencial de produção das áreas de cerrado e zonas irrigadas do semiárido baiano.
Com relação à primeira questão , já expressamos em coluna passada o nosso ceticismo a respeito, porquanto, os níveis do endividamento de boa parte dos produtores impede ou limita sobremaneira a tomada de novos financiamentos para o plantio de cacau clonado, mais produtivo e tolerante à vassoura-de-bruxa. a A reversão desse cenário só será possível com uma ação legislativa rápida, com a edição de uma medida provisória disciplinando e autorizando a remissão das dívidas dos produtores de cacau. Até onde a vista alcança, não percebemos até aqui nenhuma disposição política do atual governo para atuar nessa direção.
Quanto à segunda questão, existem algumas áreas no Paraguaçu, particularmente nos munícipios de Iaçu e Itaberaba, com experiências promissoras de produção de cacau, com projeções de produtividade no intervalo entre  125 a 150 arrobas por hectare, um índice considerado excelente por técnicos da CEPLAC. Nixon Duarte, prefeito de Iaçu, cultiva uma área de 18 hectares de cacau com  padrões tecnológicos avançados, projetando uma produtividade de cerca de 5 vezes acima da média baiana.
Finalmente , as regiões dos cerrados baianos têm mostrado áreas com produção de cacau a pleno sol, com produtividade estimada  de até 200 arrobas por hectare. Essas áreas se encontram principalmente nos municípios de Riachão das Neves, Bom Jesus da Lapa e Cocos.  A AIBA-Associação dos Irrigantes do Oeste Baiano  está liderando um processo de atração de  novas adesões ao cultivo do cacau , dentro de um programa de diversificação da fruticultura na região Oeste.  Aqui, faz-se necessário um apoio mais explícito do governo da Bahia, mobilizando órgãos de pesquisa, produtores rurais e produção de mudas de cacau, dentre outras formas de apoio, numa  ação mais proativa, a exemplo do que vem fazendo o governo de Tocantins. Recentemente , o governador de Tocantins esteve no Oeste baiano  liderando uma comitiva   de produtores  para conhecer as experiências de cacau na região e introduzir o produto no Estado vizinho.
Apesar do tamanho das plantações de cacau ainda não autorizar um grande otimismo quanto à possibilidade de uma expansão mais expressiva no Oeste, convém ao nosso governo não desprezar essa nova alternativa de atividade  produtiva que pode florescer e se desenvolver nessas novas áreas não tradicionais.
(1)Consultor Legislativo e doutor em Economia pela USP. E-mail:  [email protected]

Copyright © 2023 Bahia Economica - Todos os direitos reservados.