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ADARY OLIVEIRA – TER UM MILHÃO DE AMIGOS

Redação - 12/09/2022 09:57 - Atualizado 12/09/2022

A canção de Roberto Carlos “Eu quero apenas” que tem como refrão “Eu quero ter um milhão de amigos E bem mais forte poder cantar” é tema de campanha que convoca todos os baianos e todos os brasileiros a socorrerem as Obras Sociais Irmã Dulce (OSID) quando entrou em turbulência inesperada com a promulgação da lei que instituiu o piso salarial para enfermeiros, técnicos de enfermagem, auxiliares de enfermagem e parteiros. A OSID é um dos maiores complexos de saúde 100% SUS do Brasil e entrou em situação desesperadora. Ela nunca viveu com caixa folgado, mas o déficit acumulado de pouco mais de R$ 10 milhões estava sendo bem administrado. De repente as projeções para dezembro apontam para valor superior a R$ 40 milhões e ela não pode deixar de cumprir a lei, que em boa hora melhora a situação financeira dos bravos profissionais de saúde que dedicam corpo e alma no atendimento de milhões de necessitados.

No dia 13 de setembro, nesta semana, é o dia do Sócio-Protetor e você está sendo convidado a fazer uma doação de R$ 10,00 (pode ser mais) para ajudar à OSID a pular essa barreira, enquanto o problema não é solucionado de forma definitiva com medidas governamentais como correção da tabela do SUS e outras providências. O tempo não para e os enfermos necessitam de cuidados contínuos. Não se adia serviços médicos. Espera-se que a comunidade baiana compareça em massa, aí incluídos os torcedores do Bahia e do Vitória, os trabalhadores da indústria, do comércio do setor de serviços, religiosos, cristãos, ateus, empresários, artistas, desportistas, enfim, de todos sem exceção, cada um singelamente fazendo a sua contribuição. Dê um jeito, arranje o dinheiro e faça um PIX: [email protected]. A Santa Dulce dos Pobres vai lhe agradecer.

Para os que ainda não sabem a OSID prodigaliza números expressivos de atendimento junto à população, podendo ser citados, sem esgotar a lista, os seguintes: 3,5 milhões de procedimentos ambulatoriais por ano na Bahia; 2,9 milhões de pessoas acolhidas por ano no estado; 23 mil cirurgias e 43 mil internamentos realizados anualmente na Bahia; 2,1 milhões de refeições servidas por ano aos pacientes; 727 leitos hospitalares somente na sede da OSID, em Salvador; 10,8 mil atendimentos por mês a pessoas com deficiência, na capital baiana; 9 mil atendimentos mensais para tratamento do câncer em Salvador.

Quando em 1949 a Cidade do Salvador estava em festas, comemorando 400 anos de sua fundação com o famoso desfile de figuras históricas promovido pelo Governador Otávio Mangabeira, lá no Largo de Roma uma simples freira ocupava um galinheiro ao lado do convento ali existente, para abrigar 70 doentes recolhidos das ruas da cidade. A Irmã Dulce, Anjo Bom da Bahia como era conhecida antes de se tornar Santa, dava início à construção do que viria a ser o maior hospital da Bahia. A OCID administra hoje um complexo de serviços distribuídos em 21 núcleos que prestam assistência à população de baixa renda nas áreas de Saúde, Assistência Social, Pesquisa Científica, Ensino em Saúde, Ensino Fundamental e na preservação e difusão da memória de sua fundadora.

Infelizmente a solução para aplicação de salários dignos para todos os brasileiros depende de soluções casuísticas como a que está sendo criada para os profissionais de saúde. Entretanto, sabe-se que em muitos casos as empresas são impedidas de melhor remunerarem seus colaboradores para não perderem a competividade no mercado em grande parte devido às leis trabalhistas, que já passou do tempo de serem reformadas. Os encargos sociais oneram em demasia, são caros demais e não proporcionam a assistência merecida pelos trabalhadores, chegando a ser responsabilizados pela compressão dos salários. Enquanto esse problema de abrangência nacional não se resolve, o jeito é contar com a ajuda da população. A terra de enfermeira Ana Nery não vai faltar agora. Deve-se fazer todo o esforço para manter a melhoria conseguida pelas pessoas que se dedicam a salvar vidas e ao mesmo tempo garantir a sobrevivência das organizações de saúde, principalmente da OSID que atende à população pobre sem nada lhe cobrar.

Adary Oliveira é engenheiro químico e professor (Dr.) – [email protected]

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