O presidente da BYD no Brasil, Tyler Li, declarou na quinta-feira (19), último dia do Web Summit Rio, que o Brasil tem a oportunidade de desenvolver um mercado de carros híbridos ainda mais sustentável que o de países como China, EUA e Europa.
“ficou claro que o futuro para o Brasil está nos carros híbridos”, disse o executivo da fabricante chinesa de veículos elétricos que já se reuniu com o governo para discutir a produção de carros bioelétricos. A razão para essa perspectiva é a tecnologia brasileira do etanol.
“Comparado com a China, EUA ou Europa, em que o carro à combustão é ainda a única alternativa, aqui a solução é ter etanol no sistema híbrido, junto com o elétrico. Com isso, o veículo será muito mais “verde” que os de outros países, e esse será o novo mercado”explicou Li.
Segundo o executivo, outra vantagem competitiva brasileira é a disponibilidade de lítio, matéria-prima das baterias de carros elétricos. “As reservas de lítio estão na América Latina, e uma das maiores fica no Vale do lítio, em Minas Gerais”, ele lembrou.
Produção local
Ainda segundo o CEO, esse acesso à matéria-prima local permitirá à BYD atacar um dos maiores pontos fracos dos carros elétricos no Brasil: o alto custo. Isso porque umas das particularidades da chinesa, de acordo com o executivo, é produzir 75% dos componentes dos seus modelos.
“O Brasil tem todas as matérias-primas necessárias. Com isso, vamos ter redução significativa do custo. Os veículos que vendemos hoje são importados da China, mas já começamos a contratação da planta em Camaçari, na Bahia, que vai produzir veículos a partir do fim do ano. Vamos montar em Betim (MG) também”, observou o executivo.
Questionando sobre os desafios relacionados à infraestrutura para recarga dos elétricos, Tyler Li disse que passou a oferecer a clientes residenciais estrutura de painel solar e carregador portátil. Para o comercial, o foco está em estações com carregadores rápidos (para ciclos de 20 minutos, por exemplo) e outros de tempo mais longo. Para isso, se associou à Raizen com o plano de instalar mais de 600 carregadores em grandes cidades.
“Temos fábrica de painéis solares e também de baterias, em Manaus e Campinas. Queremos ter o ciclo completo: a energia do sol, os painéis solares que carregam as baterias, e as baterias que podem ser utilizadas no carro elétrico. É um círculo verde”, ele explicou.
FOTO: Hermes de Paula