De acordo com a Defesa Civil de Salvador (Codesal), em abril, nenhum outro bairro registrou maior acumulação de chuvas em Salvador do que a Pituba. Até o momento, foram 459 milímetros contabilizados em dez dias. Embora não exista evidências diretas de que um fator específico seja responsável por afetar um único bairro, o aguaceiro que tomou conta das ruas teve influência do sistema meteorológico cavado e da atuação de uma frente fria.
“O cavado, junto com a atuação de uma frente fria, causou chuvas não apenas em Salvador, mas especialmente sobre o oceano. A região costeira foi impactada devido à sua proximidade com o oceano Atlântico”, explica o meteorologista da Codesal Eli Moisés. O cavado é um sistema meteorológico de baixa pressão responsável por trazer vapor d’água e causar chuvas.
A posição geográfica do bairro também facilitou a acumulação de água. Isso porque a Pituba está localizada em uma região da cidade onde os ventos predominantes do Sudeste apontam, o que facilita a incidência de chuvas. Além disso, eventos atmosféricos podem indicar uma intensidade maior dos temporais. “Um evento significativo foi o Complexo Convectivo de Mesoescala (CCM), que se formou no sul de Salvador durante a madrugada do dia 2 de abril, a poucos quilômetros de Pituba, indicando uma atuação intensa nessa área”, continua Eli Moisés.
A Pituba não só lidera o ranking do mês, como também ocupa o top 1 de maior acumulação de chuva nos últimos dois dias: foram 101 milímetros de água nas últimas 48h. Foi tanta chuva na terça-feira (9) que o professor de boxe Florisvaldo Charles Carneiro, 53 anos, ficou 2h a mais no trabalho, uma academia na Rua Vereador Maltez Leone, para evitar o temporal. “Eu tinha que dar aula na Rua Minas Gerais, ai tive que tirar o sapato, levantar a calça e ir descalço até o carro”, conta.
Crédito: Ana Lúcia Albuquerque/CORREIO