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OFERTA DE ÁGUA PODE CAIR 40% ATÉ 2040 NO BRASIL, DIZ ESTUDO

João Paulo - 22/03/2024 14:20

“A Água nos Une, o Clima nos Move”. Este é o slogan do dia Mundial da Água, comemorado nesta sexta-feira (22) em todo o planeta.  Em Salvador acontecerão diversas atividades para alertar a sociedade mundial sobre os riscos da degradação das riquezas naturais e sobre o processo de mercantilização da água, um bem comum que precisa ser preservado e distribuído para as populações, principalmente aquelas em situação de vulnerabilidade.

Fonte de vida para os povos e para a natureza, a água tem sido temas de debates em diversos países pois a sua proteção faz parte da agenda da Emergência Climática.  Uma das principais preocupações provocadas pelas alterações no cima s é a segurança hídrica.  A queda acentuada, nos últimos 40 anos, nos reservatórios subterrâneos de água globais podem ser altamente danosos também para a população brasileira.

Até 2040, se nada for feito para diminuir as emissões de gases, é possível que haja escassez de água com piora das desigualdades sociais nas regiões Norte e Nordeste onde  a disponibilidade de água pode cair até 40%.  A previsão está no relatório “Impacto da Mudança Climática nos Recursos Hídricos do Brasil”,  elaborado pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) no final de janeiro.

Segundo Julliano Ribeiro, membro do Sindae e titular do Conselho Estadual de Recursos Hídricos (CONERH), as mudanças climáticas têm impactos diretos na disponibilidade e qualidade da água. “Podendo causar secas mais frequentes e intensas, bem como eventos extremos como inundações, eventos que estão se tornando cada vez mais comuns no Brasil, especialmente na região nordeste. Além disso, o aumento da temperatura global pode acelerar o derretimento das geleiras e a elevação do nível do mar, afetando diretamente as fontes de água doce”, afirmou.

Justamente para dar esse grito de alerta que acontece, também hoje, o 24º Grito da Água.  Organizado pelo Sindicato dos Trabalhadores Em Água e Esgoto no Estado da Bahia (Sindae), a caminhada é considerada a maior manifestação de rua da América Latina que faz a defesa da água. A concentração será no Campo Grande, às 14 horas, com destino à Praça Castro Alves.

“A escassez de água doce é um problema crescente em diversas regiões do mundo, afetando milhões de pessoas e ecossistemas. O crescimento populacional, o uso inadequado dos recursos hídricos, a poluição e as mudanças climáticas contribuem significativamente para a intensificação desse cenário preocupante. O  Dia Mundial da Água é de extrema importância para conscientizar a população sobre a relevância desse recurso natural essencial para a vida no planet”, destadou Ribeiro.

No grito, destaca-se “que as privatizações dos serviços públicos de fornecimento de água geram impactos negativos significativos para a população e o meio ambiente. Quando uma empresa privada, ou uma Parceria Publico Privada (PPP), assume o controle do abastecimento de água, a principal preocupação passa a ser o lucro, muitas vezes em detrimento da qualidade do serviço prestado e do acesso equitativo à água potável”, acrescenta Julliano Ribeiro.

Em sessão em homenagem ao Dia Mundial da Água na Câmara Municipal de Salvador, na última quarta-feira (20), o presidente do Sindae, Grigorio Rocha,  explicou que o Grito nasceu  para lutar contra o projeto de privatização da água. Durante os últimos 24 anos, para além da pauta ambiental, o evento também passou por incorporar diversas agendas populares como, por exemplo, a luta antirracista, pela diversidade, equidade e inclusão. Convocada pela vereadora Marta Rodrigues (PT),  a sessão contou com representantes da sociedade civil, ambientalistas e movimentos sociais.

“Não é só homenagem, mas um debate que precisa urgentemente estar inserido nas gestões públicas através de projetos, políticas municipais e diálogo com especialistas. A gestão da água e de saneamento deve ser público e não pode comprometer o fluxo natural do meio-ambiente como vem ocorrendo de maneira desordenada, pois os resultados são o agravamento de enchentes, deslizamentos de terra, necessidade de encostas, alagamentos. Salvador, por exemplo,  fica um caos, e no Brasil, estamos vendo diversas tragédias provocadas pelas chuvas e pelo mau tratamento dado à agua e seus mananciais”, declarou.

Foto: Breno Viana/Divulgação/Embasa

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