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DIFERENÇA SALARIAL CAI, MAS SÓ 17% DAS EMPRESAS NO BRASIL TÊM MULHERES NA PRESIDÊNCIA

João Paulo - 08/03/2024 11:20

‘Era um jogo combinado, fulano vai te cortar, você não vai conseguir terminar a frase. Eu entro e falo: ‘Espera, deixa a Claudia falar’. Era esse o nível de planejamento para conseguir ocupar o espaço que merecia’. Foi assim que Claudia Woods, atualmente CEO da WeWork no Brasil, conseguia ter voz em reuniões quando começou sua carreira de gestão em grandes empresas, apoiando-se nesse diálogo ensaiado entre ela e um homem. Acostumada à informalidade das startups, viu-se em um ambiente em que era a única mulher na mesa da diretoria.

Claudia integra a pequena fatia de mulheres sentadas na cadeira de CEO no país: elas somam apenas 17% do total. Ainda assim, hoje, quando se comemora o Dia Internacional da Mulher, é possível ver que o avanço foi inegável no Brasil. No ano passado, o país passou da 94ª posição no ranking de igualdade de gênero do Fórum Econômico Mundial para a 57ª colocação — subida puxada principalmente por uma maior presença feminina em órgãos do governo e no Legislativo.

Na empresa comandada por Claudia, 56% da liderança estão em mãos femininas. Não é mais um exercício solitário como era no início de carreira de gestão de várias mulheres que já têm o nome consolidado no mercado, diz. E o trabalho híbrido pode contribuir para acelerar essa mudança: — Daqui a dez anos, vai ter um equilíbrio maior entre homens e mulheres. Esse modelo chegou para ficar e deve causar um impacto muito grande na quantidade de mulheres dentro do ambiente de trabalho e da alta liderança, com mais autonomia para ditar sua agenda.

No mercado de trabalho como um todo, o salto foi significativo nas últimas décadas. Nos anos 1980, as mulheres representavam apenas 33,5% da população ocupada. Em 2023, essa fatia sobe para 43%. O salário cresceu e se aproximou do ganho dos homens. Nos anos 1970, representava 56% do rendimento masculino subindo em 2023 a 79,2%. A velocidade e a qualidade dessa entrada da mulher no mercado de trabalho dependem para onde se olha, diz Ana Diniz, pesquisadora do Insper especializada em gênero.

Foto: Maria isabel oliveira

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