Professores, pedagogos e especialistas em educação já sabem há muito tempo o quanto a audição é importante no processo de aprendizagem, pois sendo um pré-requisito para o desenvolvimento da linguagem, ela desempenha um papel fundamental na fala e na escrita. Para o otorrinolaringologista André Apenburg, diretor médico da Otorrino Center, empresa que integra o Grupo H+Brasil, uma das maiores holdings de saúde do país na área de multiespecialidades, uma mínima interferência na estrutura do sistema auditivo poderá repercutir negativamente e dificultar o método de aprendizagem: “Pais e professores, assim como outros profissionais das escolas, devem se conscientizar sobre a necessidade de recomendar a consulta a um especialista desde os primeiros anos de vida da criança, pois a incapacidade de lidar com os sons gera desmotivação e outras alterações de caráter físico, cognitivo e emocional”.
Segundo ele, identificar qualquer alteração auditiva nas crianças é essencial, principalmente durante os três primeiros anos de vida, pois dificilmente são detectados pelos pais nesta faixa etária, principalmente quando não há uma deficiência auditiva considerável. “Alguns sinais podem servir de alerta, como a desatenção, o baixo desempenho nas atividades escolares, a troca e inversão de letras, a desorganização espacial e as dificuldades de compreensão”, ressalta André Apenburg. O especialista reforça que a preocupação com a audição não deve se restringir somente ao momento após o nascimento, pois crianças com exames normais no início da vida podem desenvolver perda auditiva progressiva ao longo dos primeiros meses.
“O recomendável é que toda criança passe por uma consulta de caráter preventivo e uma audiometria pelo menos uma vez na infância, em especial no período de alfabetização, e que o exame seja repetido, posteriormente, de acordo com o critério médico”, afirma André Apenburg. Além da audiometria, que é indolor, de fácil aplicação e apresenta resultados rápidos, o diagnóstico de acuidade auditiva infantil é realizado também com o teste de impedanciometria e outros exames mais específicos que avaliam a condução do estímulo pelo tronco cerebral e as emissões otoacústicas.
Os pais também podem ser importantes aliados para identificar a diminuição da acuidade auditiva e já agirem preventivamente para corrigir o problema se seguirem algumas dicas simples e observarem o comportamento de seus filhos. O otorrinolaringologista orienta que os pais prestem atenção se a criança não acorda, não se assusta e nem move os olhos quando há barulho; não sorri ou produz sons; aponta ou gesticula para pedir alguma coisa; fala, ouve música e assiste TV com som muito alto; aproxima a mão ou a orelha da caixa de som para escutar melhor; incomoda-se com barulhos mais intensos; apresenta distração, agitação ou agressividade; e apresenta na fala ou na escrita omissões, substituições ou distorções.
Em Salvador, a orientadora educacional do Colégio Vitória-Régia, Bárbara Costa, reforça as palavras dos especialistas, destacando que é praxe de grande parte das instituições de ensino que professores observem dificuldades e limitações de cada aluno em sala de aula, de modo que os estudantes não sejam prejudicados no processo de aprendizagem. “No caso do Vitória-Régia, por exemplo, além dos relatos dos estudantes e das famílias, utilizamos como estratégia pedagógica o mapa de sala que consiste na gestão especial e estratégica de cada turma. Esse mapeamento é realizado no primeiro bimestre a partir de observações da equipe docente e técnico-pedagógica. Nesse processo são consideradas as interações e o rendimento dos alunos, havendo, assim, uma análise se há dificuldades não só de audição, como também de visão, concentração, estrutura da sala, dentre outros aspectos. A partir daí, são tomadas algumas decisões práticas, como recomendações médicas e mudança do posicionamento do estudante em sala de aula”, conclui Bárbara Costa.