Com a chegada do Carnaval, a vontade do folião é registrar toda a festa em seu telefone ou encontrar os amigos no meio da multidão, no entanto em todos os anos esta dúvida surge: levar ou não o celular para a folia?
A decisão gera atenção redobrada para quem prefere levar o celular para o Carnaval e despreocupação para aqueles que escolhem deixar o aparelho em casa. O professor de Direito e especialista em segurança pública, coronel Antônio Jorge, não recomenda estar com o celular durante a maior festa de rua do planeta.
O uso da doleira é primordial quando se escolhe levar o aparelho. “Não use bolsas de alças, nem coloque itens importantes no bolso de trás da roupa. Coloque seus pertences e o celular dentro de uma doleira com zíper, por dentro da roupa e evite de todas as formas usar o celular”, disse o coronel.
Alguns foliões, como a estudante da Universidade Federal da Bahia (Ufba) Beatriz Nunes, escolhem levar o celular para conseguir ter um meio de comunicação na festa, seja para encontrar os amigos no meio da multidão ou para emergências. “Vou para o Carnaval e o pré-Carnaval todos os anos e sempre que vou no circuito da Barra eu levo o celular, deixo na doleira porque ela é sua melhor amiga nessas situações. Mas precisa ter atenção quando tirar o aparelho para não puxar em qualquer lugar e chamar a atenção” conta a estudante.
Furtada durante a festa de Iemanjá, Graciele Túrmina relembra que estava próxima dos seguranças na entrada de um dos bares da Vila Caramuru e aconteceu de forma rápida. “A recomendação é todo cuidado possível, em qualquer ambiente, não somente na rua. Tomei todo o cuidado de tirar meu cordão, colocar na minha bolsinha e deixei minha bolsa viradinha pra frente, com a mão nela. Uma adolescente veio correndo, segurou meu celular com toda força e me empurrou”, contou.
A relações públicas ainda conta que a pior parte foi a sensação de incapacidade e enquanto estava no Furdunço neste domingo (4) observou pochetes sendo abertas. “Perdi um celular que nem terminei de pagar ainda e ninguém alcançou a menina. No tombo eu bati o queixo, levei quatro pontos, bati o ombro e o joelho. Como minha bolsinha estava aberta quando cai, um espírito ruim achou meu cartão de crédito e tentou usar, mas a operadora entendeu como suspeito e não autorizou”, explica.
De acordo com o especialista, o uso do celular deve ser feito próximo de um posto ou equipes da Polícia Militar. Esbarrões e empurrões durante o Carnaval são normais e, por isso, é necessário manter a atenção e a mão nos pertences. A influencer e escritora Krishna utilizou suas redes sociais para trazer recomendações para seus seguidores, como o uso de doleira, pochete e shoulder bag durante o Carnaval para evitar furtos, além de indicar tipos de doleiras para utilizar na folia. Ela relembra que usar a pochete por cima da doleira pode tirar a atenção do celular e mesmo usando cadeado ou mosquetão, podem cortar a pochete ou shoulder bag para furtar os objetos de valor.
O especialista em segurança pública ainda recomenda que caso o folião leve o celular, que a localização do aparelho seja compartilhada com alguém de segurança e evitar estar circulando por ruas desertas ou estar sozinho durante a festa. “Se, apesar de todos os cuidados, levarem o seu celular, não esqueça de fazer o boletim de ocorrência o quanto antes, não deixe para o outro dia. Nos postos da Policia Civil instalados no circuito da festa irão solicitar o código de IMEI do celular, então tenha em mãos, pois facilita o bloqueio do aparelho”, explica Antônio Jorge.
O especialista recomenda que o IMEI do celular esteja salvo em algum local seguro de sua residência. Este número pode ser consultado na caixa do produto, na nota fiscal, ou diretamente no celular, digitando *#06#. Ao retornar do Carnaval, é importante que os dados do aparelho sejam apagados remotamente e o número bloqueado, além de informar ao banco para que o telefone seja desvinculado das contas.
Prejuízos financeiros
“Há procedimentos comportamentais e tecnológicos que podem diminuir a chance de ser uma vítima de um furto, roubo ou mesmo de perder o aparelho. Mas o prejuízo não está apenas no aparelho, mas nos dados que ele contém: aplicativos bancários, senhas, fotos, contatos e outras informações sensíveis”, declarou o coronel. A autenticação de dois fatores nas redes sociais é importante para impedir acessos indesejados. Além da habitação do bloqueio por face ID ou biometria digital no telefone e em aplicativos que disponibilizem essa opção.
“Dê preferência a levar dinheiro em espécie. Usar o PIX ou aplicativo de banco no meio da folia é aumentar o risco de roubarem ou furtarem o celular em um momento de descuido. Também recomendo a desinstalação dos aplicativos de banco e a retirada dos cartões da carteira digital. E claro, se puder levar outro aparelho no lugar do principal, leve”, expressou o especialista.
A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) fez um alerta para roubos e ‘golpes da maquininha’ durante as folias carnavalescas. “Golpistas que trabalham como vendedores prestam atenção quando você digita sua senha na maquininha e depois trocam o cartão na hora de devolvê-lo, não aceite fazer pagamentos se o visor estiver danificado. Com o cartão e a senha, eles fazem compras usando o seu dinheiro”, relatou em nota.
No caso de transações por PIX, a Febraban relembra para que as pessoas verifiquem o valor e o destinatário do dinheiro, além de configurar um limite baixo. Em casos de roubo de celular, eles recomendam o uso da ferramenta Celular Seguro. Para que seja possível o uso, as indicações de modelo e marca do celular devem ser cadastradas através do aplicativo ou site do Celular Seguro. Caso ocorra um roubo ou furto, o Ministério de Justiça é acionado para ocorrer o apagamento de contas logadas no telefone, para evitar maiores perdas. A limpeza no celular deve acontecer em cerca de 10 minutos após acionamento do “botão de segurança”.
Crédito: Paula Froes/CORREIO