Conta a Bíblia que três Reis Magos – Melchior, Gaspar e Baltazar – deixaram o Oriente e, guiados pela Estrela D’Alva, viajaram até Jerusalém para reverenciarem ao recém-nascido Jesus. Consigo, levaram três presentes: ouro, que representa a realeza do Deus Menino; incenso, produto usado nos templos religiosos, reforçando o seu papel divino; e mirra, usada para embalsamar corpos, mostrando a imortalidade e a humanidade de Cristo, que se tornou carne para existir entre os homens.
O episódio representa a vinda de Jesus como salvador não só dos judeus, mas de todos os povos do planeta, e teria ocorrido poucos dias após o Natal – no calendário gregoriano, que usamos atualmente, seria em 6 de janeiro. Na tradição católica, o dia ficou conhecido como ‘Dia de Reis’ ou ‘Dia dos Santos Reis’, e é celebrado de diferentes formas, marcando o fim do período natalino.
É nesse dia que são tradicionalmente desmontados os presépios e retiradas as decorações natalinas, marcando o fim do período. Inclusive, em muitos países de maioria católica, como o México e outras nações latino-americanas, os presentes de Natal são trocados no dia 6, e não em 25 de dezembro, relembrando o ato dos Reis Magos há mais de 2 mil anos.
Em Salvador, a Festa de Reis é a segunda do calendário de festas populares do ano, após a de Bom Jesus dos Navegantes, no dia 1º. É tradicionalmente celebrada pela Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, na Lapinha. Assim como no Natal, os fiéis comemoram ‘de véspera’, desde a noite do dia 5, e as missas seguem ao longo de todo o dia 6.
Ternos – A celebração da Lapinha, na realidade, chama-se Epifania do Senhor, relacionada ao reconhecimento de Jesus Cristo como o legítimo salvador de todos os povos. Só que ela ficou popularmente conhecida como Festa de Reis ou, até, como Terno de Reis, inspirada na tradição portuguesa.
Na noite do dia 5, logo após a missa de 19h na Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Lapinha, desfilam pelas ruas do bairro os Ternos de Reis. São grupos de fiéis que se apresentam diante dos presépios reunindo música – sobretudo samba de roda – estandartes decorados, faixas, roupas coloridas, bandeiras, lanternários e outras peças típicas do folclore religioso baiano e brasileiro.
A ideia é celebrar a Epifania do Senhor e, tal qual fizeram os Reis Magos, anunciar a todos que Jesus é o salvador. Está programada a apresentação de quatro ternos, sendo o primeiro, abrindo alas para os demais, o mais tradicional e conhecido da festa: o Terno da Anunciação, formado pelos fiéis da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição da Lapinha. É fácil reconhecê-lo na multidão, graças ao icônico estandarte vermelho com letras e bordados em dourado. Outro muito tradicional é o Rosa Menina, que é formado por moradores do bairro de Pernambués.
Fotos: Bruno Concha/Secom PMS