Falar com politico sobre eleições é perda de tempo, eles sabem de tudo. Mas, sendo assim, os politicos baianos estão precisando aprender um pouco mais, pelo menos no que se refere a eleição para a Prefeitura de Salvador. Isso porque os maquinistas que vão dirigir o trem que leva a estação do Palácio Tomé de Souza em 2024 estão meio fora de tempo.
O ex deputado Joao Roma, por exemplo, que tinha todas as possibilidades de ser um dos maquinistas, ainda que dificilmente chegasse ao seu destino, simplesmente perdeu o trem. Admite desde já ser apenas auxiliar de maquinista e apoiar o candidato do União Brasil, o atual prefeito Bruno Reis.
Roma, que teve 125 mil votos em Salvador na eleição para governador, perdeu o trem, pois está abandonando a oportunidade de se apresentar ao eleitorado como uma alternativa de poder. Claro, sua eleição seria praticamente impossível, não só porque lhe falta apoio financeiro e político, mas também porque teria de enfrentar duas poderosas máquinas públicas, a da prefeitura municipal e do governo do estado. Mas teria a oportunidade de apresentar ao povo baiano suas ideias e propostas e se colocar junto ao eleitorado como uma alternativa de poder, inclusive para 2026. Roma sabe que participar de uma eleição majoritária, mesmo perdendo, é um passo importante para vencer futuras eleições. Lula perdeu quatro eleições antes de chegar a Presidência da República, outros políticos seguiram o mesmo caminho e há quem diga que se ACM Neto tivesse concorrido na eleição de 2018 para governador teria sido muito mais competitivo do que foi na eleição de 2022.
Há que ver, previsão sobre passado não tem futuro, mas não há dúvida de que Roma está perdendo o trem e a oportunidade de se fazer mais conhecido e de fazer uma bancada mais expressiva de vereadores, em nome de uma coligação com o União Brasil, partido cujo secretário geral está rompido com ele, e de quem ele próprio se diz cada vez mais distante.
Se João Roma está perdendo o trem, o governador Jerônimo Rodrigues ainda não conseguiu pongar, pois, ao que parece, vai terminar o ano sem que a coligação que o apoia ter escolhido seu candidato na disputa. Todos os políticos sabem que quanto mais adia essa decisão mais difícil será alcançar o trem de Bruno Reis. E, o mais grave, a demora amplia a divisão no âmbito da oposição e pode dificultar a arregimentação da militância e afetar a união da coligação em outros municípios. A coligação capitaneada pelo governador Jerônimo Rodrigues tem o apoio da máquina estadual, terá provavelmente o apoio do presidente Lula e condições de enfrentar o prefeito Bruno Reis. Mas para isso precisa pongar imediatamente no trem.
Já o prefeito Bruno Reis está montado há muito tempo na locomotiva e bem à frente dos concorrentes. Assim, vai para os trilhos com sólida vantagem, embora tenha de escolher com cuidado quem vai compor o time da cabine, especialmente o nome do auxiliar de maquinista.
Mas o prefeito, baseado em pesquisas internas e externas, nas conversas com vereadores e no contato com a população soteropolitana, parece ter certeza de que já ganhou a eleição, mas ganhar de véspera é arriscado, isso sem falar que a arrogância de alguns dos seus auxiliares pode fazer a locomotiva descarrilhar. Por mais que a eleição seja municipalizada, por mais que as pesquisas estejam do seu lado, é bom não subestimar os fatores aleatórios de uma eleição.
Em resumo: Roma perdeu o trem, Jerônimo precisa pongar nele rapidamente e Bruno precisa saber que ainda não chegou lá. ( EP- 18/12/2023)