A estação mais quente do ano vai chegando e, para muitos, tem início também a temporada de busca pelo “corpo de verão”. Porém, entre mudanças na dieta e diferentes atividades físicas, a pressa ou falta de cuidado com a “máquina” durante os exercícios pode transformar o #TáPago da academia em lesões e alterações metabólicas que precisam de muitos verões para serem curadas. “O principal erro das pessoas que praticam atividade física é subestimar a demanda que qualquer exercício requer do corpo”, afirma o fisioterapeuta Vinícius Lago, da Periodize Saúde e Bem Estar.
A empresa oferece programa de recuperação que pode ser montado por uma gama de profissionais diferentes –, Lago, por exemplo, é mestre em medicina e saúde humana, e explica que até exercício mais “simples”, como caminhada, requer cuidados. “Mobilidade, vestuários adequados, e até controle de intensidade e volume do treino. A prática que pode ser ideal para uma pessoa, não necessariamente se adequa à realidade de outra”, diz.
As queixas mais frequentes dos pacientes, destaca o fisioterapeuta, são as dores na coluna. Porém, os lamentos variam bastante, como é o caso do advogado de 53 anos, Newton Cunha, que pratica krav maga há nove anos e corre de duas a três vezes por semana. Entre dores na panturrilha, posterior da coxa e na lombar, ele viu a necessidade de se cuidar a partir de lesões recorrentes.
“Isso me impedia de fazer atividade física, o que atrapalhava muito, porque sou profissional liberal e esses exercícios são o meu momento de relaxamento”, explica o advogado, que quando procurou a Periodize desconfiou da quantidade de profissionais que poderiam se envolver em seu tratamento. “Mas você realmente aprende a confiar no processo, pois percebe que cada profissional ali, do professor de educação física ao osteopata, está à sua disposição, a depender do que você quer e precisa”.
Foi buscando evitar lesões que a servidora pública estadual de 32 anos, Ionara Carvalho, que pratica natação e corrida, passou a investir na musculação. “Quando fica mais puxado, sentia uma dor aqui ou ali, então passei a fazer musculação para fortalecer o corpo. Fiquei um tempo parada e quando voltei decidi respeitar o processo, pedindo conselhos aos educadores físicos e indo devagar. Além de um emagrecimento ruim com efeito sanfona, como já aconteceu comigo, as chances de lesão são enormes se você não respeitar as etapas e tempo de seu corpo”, aponta.
Neste contexto de verão, o erro mais comum é ter pressa, ou seja, acreditar que mudanças radicais na dieta e exercícios trarão resultados satisfatórios e duradouros em curto prazo, aponta o nutricionista especialista em nutrição clínica, estética, esportiva e prescrição de fitoterápicos, Rafael Ikeda. “A verdade é que é preciso alinhar as expectativas com a realidade para evitar frustrações, o efeito rebote e transtornos alimentares, como compulsão alimentar. Ao querer apressar este processo, aumentam as chances de perda de massa muscular, flacidez, desnutrição, fraqueza e fadiga”, explica.
O professor de educação física e responsável técnico da Villa Forma Academia, Marcus Paulo Santos de Brito, diz que “atividade física e uma alimentação adequada não são projetos de verão, mas de vida”, e precisam ser realizadas respeitando as fases. “Desprezar isso é colocar em risco a saúde e, às vezes, a própria vida. Não se exercitar é extremamente prejudicial, assim como o exagero de forma constante. O segredo é buscar o equilíbrio físico, mental e espiritual”, salienta.
Foto: Denisse Salazar /AG. A TARDE