Com frequência discute-se o atraso educacional da Bahia, geralmente tomando como referência o Ensino Fundamental, medido pelas notas do IDEB, e a alfabetização na idade certa, medida pela ANA, assim como o Ensino Médio – onde estamos na rabeira do ranking dos estados. Da Educação Técnica Profissional nem se fala, tal a precariedade.
Trata-se, nesses níveis, de construir a base da sociedade, criando condições de equidade e oportunidade para todos. À medida em que o nosso mundo se desenvolve, cada vez mais com base na inovação e na tecnologia – a chamada sociedade do conhecimento –, é indispensável olhar, muito atentamente, também para o ensino superior.
Coube ao portal Bahia Econômica pinçar, no ranking elaborado anualmente pelo jornal Folha de São Paulo, a posição das universidades baianas.
Todas as universidades ativas no país, em número de 203, são analisadas no Ranking Universitário Folha (RUF). Pesquisa, ensino, mercado, internacionalização e inovação são os aspectos avaliados. Aí estão incluídos, por exemplo, a nota no ENADE, artigos científicos publicados, citações recebidas, teses defendidas, titulação dos professores, dedicação integral ou parcial, preferência de contratação por empregadores, citações internacionais por docente, publicações em coautoria internacional, patentes e estudos em parceria com o setor produtivo. São consideradas as quarenta carreiras com maior número de ingressantes no país.
Pensando no desenvolvimento do Estado, preocupa que a principal instituição baiana de ensino superior, a UFBa, apareça somente em 16º lugar, atrás das três universidades estaduais paulistas – USP e Unicamp lideram o ranking – e outras doze federais. Mesmo no Nordeste, a nossa principal universidade aparece apenas em 3º lugar, atrás da UFPe (Pernambuco) e da UFRN (Rio Grande do Norte).
As quatro universidades estaduais vêm na sequência: UESC (53º), UEFS (60º), UNEB (80º) e UESB (96º), observando-se grande discrepância entre elas. E as demais federais também aparecem mal posicionadas: UFRB (114º), UFOB (136º) e UFSB (137º). Embora se possa considerá-las recentes, o argumento cai diante do posicionamento da UFABC, também recente e já no 39º lugar. Considere-se que a Bahia conta também com campus da Univasf, esta, no 84º lugar.
As duas universidades privadas são a Unifacs (111º) e a UCSal (172º). Dentre as confessionais, a UCSal fica um ponto fora da curva ante o bom desempenho revelado pelas demais universidades católicas, especialmente as do Rio Grande do Sul (19º), Rio de Janeiro (25º), Paraná (32º) e a Unisinos (33º).
Observe-se que estamos nos referindo a um ranking nacional. Porque nos rankings internacionais, a melhor universidade brasileira, a USP, aparece no grupo entre 251-300ª posição, e a segunda, a Unicamp, na faixa entre 501-600ª posição. Como se vê, é bem mais grave o problema e ainda mais profundo o fosso do que se possa imaginar…
Não seria demais desejar que a nossa UFBa escale uma das dez primeiras posições do ranking nacional. Não lhe faltam massa crítica, do ponto de vista científico, e uma rica história. As nossas universidades estaduais precisam estar, todas, pelo menos entre as cinquenta primeiras. Destaque-se a UESC, em 53º, que já se encontra praticamente nessa marca. Quanto às demais federais, que acelerem o passo para ingressar no intervalo 51-100. Tudo isto no mais curto lapso de tempo possível. Afinal, a Bahia não pode esperar, porque está ficando para trás.
É indispensável que os respectivos conselhos universitários chamem a si a tarefa de estabelecer metas a serem alcançadas por essas instituições, definindo estratégias e fixando prazos para que sejam atingidas, publicizando-as para que a sociedade possa fazer o acompanhamento anual do desempenho de suas instituições de ensino superior.
Em uma sociedade, qualquer que seja o modelo de desenvolvimento ou a matriz político-ideológica adotada, a Educação precisa ser vista e tratada como uma variável independente, a prioridade nº 1, tal a sua importância. E as universidades públicas demandam atenção, pelo que custam, pelo que precisam entregar, pela obrigação de cumprirem a sua função social.
Waldeck Ornélas é especialista em planejamento urbano-regional. Autor de Cidades e Municípios: gestão e planejamento.