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BRASIL ASSUME PRESIDÊNCIA DO G20 COM FOME E DESIGUALDADE NO TOPO DA AGENDA

João Paulo - 01/12/2023 08:20 - Atualizado 01/12/2023

O Brasil assume hoje, pela primeira vez, a presidência rotativa do G20, o grupo das principais economias do planeta e mais a União Europeia e a União Africana criado em 1999 após a crise financeira asiática. Com mandato de um ano, o objetivo do país é promover três bandeiras centrais: combate à fome, pobreza e desigualdade; desenvolvimento sustentável e reforma da governança global. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu orientações claras aos diplomatas à frente da organização de 130 reuniões que serão realizadas nas cinco regiões do país, a partir de dezembro: o Brasil, como anfitrião, deve apresentar projetos concretos com efeitos práticos na vida das pessoas. Uma das iniciativas, já pronta, é a proposta de lançar uma aliança global contra a fome.

— Na visão do Brasil, a fome deve estar no centro da agenda internacional e deveria causar indignação, como disse o presidente Lula — diz o embaixador Mauricio Carvalho Lyrio, secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros e sherpa (representante do chefe de Estado nas reuniões) brasileiro. Atualmente, lembra Lyrio, 750 milhões de pessoas sofrem fome crônica no mundo, e 2 bilhões têm acesso irregular a alimentos. O governo brasileiro quer ir muito além de declarações — que requerem consenso — de boa vontade. Lula espera encerrar a presidência brasileira, no encontro presidencial de 18 e 19 de novembro de 2024, no Rio, com um legado à vida real das pessoas, frisa Lyrio.

O Brasil também espera que seja iniciada uma nova etapa de trabalho e convivência nos organismos multilaterais, na qual os países do Sul Global tenham mais peso e, paralelamente, recebam mais ajuda financeira para implementar programas sociais e alcançar os objetivos traçados. Não basta ter doadores, acrescentou o sherpa brasileiro, é preciso desenhar programas sociais eficientes. — O governo brasileiro tem como eixos centrais a redução das desigualdades, a mobilização contra a mudança do clima e a transição energética dos países — afirma o embaixador.

A agenda de trabalho que será liderada pelo Brasil durante o próximo ano inclui, ainda, novidades como uma reunião ministerial sobre empoderamento feminino. A reforma da governança global é outro dos temais centrais da presidência brasileira, que busca, explica Lyrio, reforçar organizações como as Nações Unidas, e torná-las mais eficientes. — O G20 ganhou importância pela dificuldade de ação de outras organizações e deve ser palco para promover, por exemplo, uma reforma da ONU. As organizações multilaterais, como declarou o presidente Lula, não estão adequadas do ponto de vista da capacidade de representação e de ação. Sem uma ONU forte é mais difícil alcançar a paz — enfatiza o embaixador. O G20 foi criado como um fórum para ministros das Finanças e governadores dos Banco Centrais, mas em 2008, após a crise financeira global daquele ano, ganhou a chamada Trilha de Sherpas, integrada por emissários dos chefes de Estado e governo, âmbito no qual é discutida, também, uma agenda política.

 

Foto: Brenno Carvalho

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