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STF COMEÇA A JULGAR PRIMEIROS QUATRO RÉUS PELO 8 DE JANEIRO

João Paulo - 13/09/2023 07:07

O Supremo Tribunal Federal (STF) inicia, nesta quarta-feira, o capítulo que deverá levar às primeiras condenações de envolvidos nos atos de 8 de janeiro. Na leva inaugural de julgamentos, os ministros vão analisar os casos de quatro réus enquadrados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) como “executores” da ação golpista.

A sessão ocorrerá oito meses e cinco dias após a invasão das sedes dos três Poderes. Os réus julgados hoje serão Aécio Lúcio Costa Pereira, Thiago de Assis Mathar, Moacir José dos Santos e Matheus Lima de Carvalho Lázaro. Eles são acusados de atuar na depredação de prédios públicos e respondem por associação criminosa armada, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça, com uso de substância inflamável. Dos quatro, apenas Santos está solto.

Pereira, o primeiro a ser julgado, foi flagrado dentro do Congresso usando uma camisa com a frase “intervenção militar já”. No dia, ele postou um vídeo sentado na Mesa Diretora do Senado em que dizia: “Vai dar certo, não vamos desanimar”. Mathar e Santos foram presos em flagrante pela Polícia Militar no Palácio do Planalto. Lázaro foi detido com um canivete ao sair do Congresso. A PGR pediu a condenação a penas de até 30 anos e punições “exemplares”. Na Corte, a expectativa é que as sanções ocorram, além de recados veementes durante o julgamento. As defesas alegam inocência, dizem que eles participavam de manifestações pacíficas que foram tomadas por infiltrados e alegam que a Procuradoria não individualizou a conduta dos acusados.

Para embasar as acusações, um trabalho minucioso foi feito pela PF. Inicialmente, os peritos incluíram nos computadores as imagens filmadas entre o meio-dia e as 19h por mais de 200 câmeras de prédios públicos. Vídeos feitos por celulares e recebidos pelo canal de denúncia criado pelo Ministério da Justiça também foram juntados. Com os arquivos, parte da equipe de 27 profissionais focou na comparação facial, para chegar ao nome e à conduta de cada um dos invasores flagrados. Outro grupo fez a análise de todo o conteúdo gravado, descrevendo as cenas ocorridas dentro de Planalto, Congresso e STF.

A partir das ferramentas, foram processadas 2,5 milhões de imagens faciais extraídas dos vídeos examinados — o número é bem maior do que o de envolvidos porque um indivíduo gera mais de uma imagem. Um software fez ajustes para facilitar a visualização e sincronizar os arquivos, compondo um quadro sequencial. — Além de trazer velocidade para a análise, diminui a chance de erros manuais e facilita toda a revisão pelo perito. Mesmo com a utilização dessa e de outras ferramentas de inteligência artificial no processamento dessas imagens, todo o trabalho no fim das contas passa pelo crivo humano, de especialistas — pontua o perito criminal federal Rafael Oliveira Ribeiro.

Foto: Ton Molina/AFP

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