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LULA VOLTA A CRITICAR BC E CAMPOS NETO APÓS MANUTENÇÃO DA SELIC:  “ESTÁ BRIGANDO COM A ECONOMIA”

João Paulo - 22/06/2023 06:59 - Atualizado 22/06/2023

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de manter a taxa básica de juros, a Selic, em 13,75%. Em uma entrevista coletiva realizada durante sua visita à Itália, Lula fez duras críticas ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, acusando-o de agir contra os interesses da economia brasileira com a decisão.

Lula afirmou que a situação é “irracional” e que há amplo descontentamento na sociedade em relação à taxa de 13,75%. Ele mencionou que diversas entidades, como a Confederação Nacional das Indústrias e a Federação das Indústrias de São Paulo, estão discordando da taxa de juros. Lula argumentou que é irracional ter uma taxa de juros tão alta (13,75%) em um contexto de inflação baixa (5%).

O ex-presidente destacou que cada vez que a inflação diminui pela metade, a taxa de juros real aumenta no país. Ele argumentou que não é aceitável que as pessoas tenham que pagar 14% ou até 18% de juros ao ano para tomar empréstimos. Lula também mencionou o alto índice de endividamento no Brasil (72%) e afirmou que os bancos não podem emprestar dinheiro porque as pessoas não conseguem arcar com os juros.

Além disso, Lula criticou a lei de autonomia do Banco Central, sancionada em fevereiro de 2021, que permite a permanência do presidente do BC por até oito anos. Ele afirmou que os senadores, que aprovaram a lei, devem analisar se Campos Neto está cumprindo seu papel de cuidar da inflação, do crescimento econômico e da geração de empregos.

Por outro lado, o governo argumenta que a manutenção da taxa de juros em 13,75% é adequada para garantir a convergência da inflação. O Banco Central projeta um aumento no índice geral de preços no segundo semestre e considera as expectativas de inflação ainda “desancoradas”. O BC aponta para fatores como o arcabouço fiscal, a perspectiva de controle das contas públicas e os sinais de arrefecimento nos preços ao consumidor como justificativas para a manutenção da taxa. A inflação medida pelo IBGE está dentro do intervalo de metas para 2023 (3,25% a 4,75%).

(Ricardo Stuckert/Reprodução)

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