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SANEAMENTO AVANÇA POUCO NA BAHIA; APONTA PESQUISA DO IBGE

Douglas Santana - 16/06/2023 20:05 - Atualizado 16/06/2023

De acordo com o módulo sobre Características Gerais dos Domicílios e Moradores, da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o único serviço de saneamento que avança na Bahia é coleta de lixo.

Dentre todos os estados brasileiros, a Bahia tinha a 14ª proporção de domicílios abastecidos por rede geral de água (84,0%); o 11º percentual de residências com esgoto coletado por rede ou fossa ligada à rede (59,5%); e o 21º percentual de domicílios com coleta direta ou indireta de lixo (84,8%).

A falta de acesso ao saneamento básico era muito maior nas áreas rurais, onde o único serviço que atendia pouco mais da metade das residências era a rede de água (51,3%), frente a 45,0% que tinham coleta de lixo e só 9,0% que eram ligados à rede de esgoto. Em 2022, três em cada 10 domicílios baianos estavam na zona rural.

Em 2022, pela primeira vez, mais da metade dos domicílios na Bahia tinham mulheres como responsáveis (50,7%) – em 2012, a proporção era de 39,0%. De 2021 para 2022, proporção de domicílios com só um morador voltou a crescer na Bahia, chegando a 17,6%, 4º maior percentual entre os estados.

Nesta edição, as informações sobre as características dos domicílios voltaram a ser divulgadas após dois anos (2020 e 2021), período no qual, em decorrência da pandemia de COVID-19, a redução da taxa de resposta da PNADC impossibilitou a mensuração de alguns indicadores. Em seis anos, a cobertura domiciliar dos três serviços de saneamento básico, essenciais para a melhoria das condições de vida e saúde da população, praticamente não avançou na Bahia. O aumento na proporção de casas atendidas se concentrou exclusivamente na coleta direta ou indireta de lixo.

O resultado é que, em 2022, duas em cada 10 residências no estado (16,0%) não eram abastecidas por rede de água; quatro em cada 10 (40,5%) não tinham seu esgoto coletado por rede geral; e, mesmo com a ampliação do atendimento, quase duas em cada 10 domicílios (15,2%) queimavam o lixo ou lhe davam algum outro destino inadequado, por não terem coleta por veículo nem caçamba do serviço de limpeza.

A falta de acesso ao saneamento básico era muito maior nas áreas rurais, onde estavam, em 2022, três em cada 10 domicílios baianos: 26,6% do total ou cerca de 1,405 milhão de moradias. Nesses locais, o único serviço que atendia pouco mais da metade das residências era a rede de abastecimento de água.

No ano passado, 84,0% dos domicílios na Bahia eram abastecidos por rede geral de água – o que significa que 16,0% (cerca de 771 mil) não tinham acesso à água tratada e encanada. Seis anos antes, em 2016, a cobertura do serviço chegava a 85,3% dos domicílios e, em 2019, antes da pandemia, era de 85,2% – o que mostra uma tendência de baixa no atendimento.

A cobertura proporcional do serviço no estado, em 2022 (84,0%) estava um pouco aquém da nacional (85,5%) no Brasil como um todo) e era apenas a 14ª num ranking liderado por São Paulo (96,1%), Distrito Federal (95,1%) e Paraná (89,6%). No outro extremo, Rondônia (48,4%), Amapá (50,4%) e Pará (51,2%) tinham os menores percentuais de domicílios com água da rede geral.

Assim como ocorria no Brasil como um todo, na Bahia o percentual de atendimento da rede de água caía significativamente nas áreas rurais, chegando apenas a pouco mais da metade dos domicílios (51,3%), frente a 96,0% nas áreas urbanas. Além disso, um em cada 4 domicílios abastecidos pela rede de água na Bahia (25,2%) não tinha o serviço disponível diariamente, o que significava 1,503 milhão de residências com algum grau de intermitência no abastecimento – 7º maior percentual entre as 27 unidades da Federação.

A coleta do esgoto por rede geral ou fossa séptica ligada à rede geral continuava, em 2022, a ser o serviço de saneamento com menor cobertura na Bahia, chegando a 59,5% dos domicílios que tinham banheiro, sanitário ou buraco para dejeções. Assim, 40,5% das residências baianas que tinham algum tipo de banheiro (1,952 milhão) não eram atendidas pela rede de esgoto.

Em 2016, o percentual de atendimento era de 58,5%; em 2019, de 57,5% – o que mostra uma certa tendência de alta, mas tão discreta que pode ser considerada uma estabilidade estatística. Esse aumento de cobertura foi verificado principalmente nas áreas urbanas, onde a rede de esgoto chegava a 77,2% dos domicílios, em 2022, frente a menos de 10,0% das residências na área rural do estado (9,0%).

Ainda assim, a Bahia tinha, em 2022, dentre os estados, a 11ª maior proporção de domicílios com banheiro e esgoto coletado por rede, num ranking liderado por São Paulo (93,6%), Distrito Federal (89,9%) e Rio de Janeiro (88,9%). Piauí (18,1%), Amapá (20,7%) e Pará (21,7%) tinham os menores percentuais. No Brasil como um todo, 69,5% dos domicílios com algum tipo de banheiro estavam conectados à rede de esgoto, direta ou indiretamente.

Entre 2016 e 2022, série histórica disponível na PNADC, a coleta de lixo, fosse direta (feita por veículo) ou indireta (por meio de caçambas do serviço de limpeza), foi o único serviço de saneamento básico que avançou de forma mais significativa na Bahia. No ano passado, 84,8% dos domicílios no estado eram atendidos com coleta de lixo, proporção que ficava em 80,7% em 2016 e 84,3% em 2019, no pré-pandemia.

Nesses seis anos, o atendimento por coleta direta foi o que mais cresceu, de 64,3% para 71,6% dos domicílios. Já a coleta indireta se reduziu, de 16,4% para 13,2% dos domicílios. Ainda assim, em 2022,15,2% das residências na Bahia precisavam queimar seu lixo (14,0%) ou dar alguma outra destinação inadequada aos resíduos (1,2%) – o que representava 805 mil domicílios.

Apesar do avanço, a cobertura domiciliar da coleta de lixo era o indicador de saneamento básico em que a Bahia estava mais mal posicionada no ranking dos estados, com a 21ª proporção de residências atendidas (ou 7ª menor entre as 27 unidades da Federação). No Brasil como um todo, 92,2% dos domicílios eram atendidos pelo serviço, sendo os maiores percentuais encontrados em Rio de Janeiro (99,3%), São Paulo (99,1%) e Distrito Federal (98,9%), enquanto os menores estavam em Piauí (73,5%), Maranhão (75,2%) e Rondônia (78,5%).

Assim como ocorre com os demais indicadores de saneamento básico, a cobertura domiciliar de coleta de lixo também é significativamente menor em áreas rurais do que em áreas urbanas. Na Bahia, em 2022, o serviço estava praticamente universalizado em áreas urbanas, atendendo 99,2% das residências. Já nas zonas rurais, o percentual de cobertura era de 45,0% dos domicílios, enquanto mais da metade das residências (51,5% ou 724 mil) afirmavam queimar o lixo na propriedade.

 

Foto: Luciano da Mata/Ag. A TARDE

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