A Bahia está recebendo tecnologia nova, que pode transformar água em combustível, usando apenas a eletricidade. Os equipamentos ecológicos desembarcaram no estado na última terça (13), vindos da Holanda, no terminal de granéis sólidos, o TGSII, do Porto de Aratu-Candeias. A tecnologia será utilizada na implantação da primeira fábrica de hidrogênio verde do Brasil, em território baiano. O projeto será instaurado no Polo Petroquímico de Camaçari.
A CS Porto Aratu, empresa controlada pela CS Infra, do Grupo Simpar, realizou a operação de grande porte e inédita na Bahia. A Companhia foi responsável por operacionalizar o recebimento dos equipamentos, desde o planejamento, descarga do navio e colocação sobre os veículos transportadores, além de adequar toda infraestrutura local para recepção das peças que em seguida foram transferidas para área do cliente.
“Estamos felizes em participar de um marco na história do porto e de nosso cliente. A operação foi fruto do empenho e expertise das equipes da CS Porto Aratu e da Unigel que tornaram viáveis o recebimento destes equipamentos que vão impactar na economia local e nacional”, afirma Marcos Tourinho, diretor presidente da CS Porto Aratu.
Com um ano de operação na Bahia, a CS Porto Aratu investiu mais de R$ 70 milhões em obras de melhorias e modernização nos terminais ATU-12 e ATU-18 do Porto de Aratu (BA). A companhia assumiu a gestão efetiva dos terminais em junho de 2022 e prevê até 2025 investir mais de R$ 700 milhões, além de gerar 200 novas vagas de emprego no local.
Responsável pela planta, que terá sua 1ª fase finalizada até junho de 2024, com um investimento de aproximadamente R$ 582 milhões, a fábrica Unigel planeja uma produção de 100 mil toneladas anuais de hidrogênio verde até 2030. O orçamento total do projeto é de US$ 1,5 bilhão (R$ 7,8 bilhões, na cotação atual).
“O hidrogênio verde é considerado o combustível do futuro porque usa, como matéria-prima, água e eletricidade. A água, submetida à corrente elétrica, separa o hidrogênio do oxigênio, dois produtos nobres. O hidrogênio, quando utilizado como combustível, gera água novamente, ele não vai gerar gás carbônico”, explicou Roberto Noronha Santos, CEO da Unigel.
O hidrogênio produzido pela Unigel será ofertado aos clientes que trabalham com o fator de descarbonização. Além do potencial de utilização como combustível e matéria-prima na siderurgia e no refino de petróleo, o insumo pode ser transformado em amônia, que também pode ser usado como combustível, apresentando maior facilidade para transporte.
A proposta de implantar uma fábrica de hidrogênio verde surgiu da necessidade de reduzir a emissão de gás carbônico na atmosfera, que influencia o aumento da temperatura do planeta e, consequentemente, as ocorrências de desastres ambientais. De acordo com Noronha, ainda é complicado estabelecer o parâmetro de mercado, após a produção do hidrogênio verde em escala industrial.
“Com certeza, inicialmente, vamos fazer a exportação também, porque a transição de veículos, principalmente da gasolina, para carros elétricos ou que utilizem hidrogênio não será rápida. Não temos uma avaliação concreta, por isso, o projeto é realizado em fases. À medida que o mercado for crescendo, aumentaremos a produção”, explica.
Para o superintendente geral do Comitê de Fomento Industrial de Camaçari (Cofic) Mauro Guimarães Pereira, a implantação da planta de hidrogênio verde é uma chave para duas questões: sustentabilidade e competitividade econômica.
“Os europeus buscam essa energia limpa, a Alemanha, principalmente. É o futuro [hidrogênio verde]. A gente tem, hoje, o agronegócio como o grande sustentáculo da economia brasileira e, olhando a médio/longo prazo, teremos o hidrogênio verde, nossa grande oportunidade para trazer desenvolvimento para o nosso país. É questão de tempo. Todos nós estaremos pressionados a abandonar a energia que polui para uma outra limpa”, pontuou.
A primeira etapa do investimento foi realizada no final de 2021, quando a Unigel e o Governo da Bahia, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE), assinaram um protocolo de intenções. Em 2022, o projeto foi instituído por meio do Decreto do Plano Estadual para a Economia de Hidrogênio Verde (PLH²V). A planta será a primeira em escala industrial do país.
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