Nos seus oito anos à frente do governo da Bahia, o ex-governador Rui Costa se caracterizou como um excelente gestor e deixou o governo com um elenco de obras significativas.Rui Costa não mostrava, contudo, o mesmo gosto nem o mesmo empenho para tratar de política e havia muitas queixas de deputados em relação à atenção que dava a eles. Note-se que isso não o impediu de fazer seu sucessor, o que mostra que um bom gestor é bem visto pelo eleitorado. Mas por não dedicar-se tanto à política Costa teve algumas dificuldades nesta área, especialmente no âmbito das disputas eleitorais nas maiores cidades do Estado.
Passados cinco meses do atual governo, o que se pode dizer, nessa área, do governador Jerônimo Rodrigues é exatamente o contrário: Jerônimo gosta de fazer política e dedica parte do seu tempo a essa ocupação. Isso pode ser visto pela maneira como o governador trata os políticos, por sua disposição em conversar com todo o arco ideológico da política e por sua lhaneza no trato com as lideranças políticas. E pode também ser avaliado pelos movimentos políticos que está fazendo e um bom exemplo é sua aproximação com o PSDB que teve como símbolo a visita que fez ao governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, em sua passagem pela Bahia.
Mas esse foi apenas um dos movimentos que vem fazendo o governador e muitos outros poderiam ser listados, a exemplo de sua aproximação com a Câmara de Vereadores de Salvador; da forma como atraiu para sua base deputados do PP, mesmo sabendo que quadros estratégicos do partido apoiam e compõem administração municipal; da maneira como ampliou sua base trazendo Ronaldo Carletto para presidir o Avante; da forma como vem se colocando em Feira de Santana e outras cidades do interior; e por aí vai. Aliás, basta ver o sorriso dos deputados na Assembleia Legislativa para perceber que o governador vem fazendo um bom trabalho nessa área.
O fato é que Jerônimo Rodrigues gosta de fazer política e a age politicamente e isso é bom, afinal, todo governador tem um papel político a cumprir e foi eleito para isso. O tempo da tecnocracia acabou, por isso, governadores e prefeitos têm de dividir seu tempo entre a gestão administrativa e a gestão política. E mais que isso têm de saber a importância da política como meio de viabilizar uma boa administração. O novo da situação é que a oposição vai ter muito mais trabalho com um governador que faz política, gosta de política e transita bem no arco político. (EP – 29/05/2023)
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