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A COTAÇÃO DO DÓLAR VAI CAIR?

Redação - 18/05/2023 08:59

“A taxa de câmbio é uma invenção de Deus para humilhar os economistas”, por isso não é bom fazer previsões sobre ela. A famigerada taxa de câmbio é a relação entre moedas de dois países, cujo resultado é o preço. Esse preço é difícil de prever porque depende de muitas variáveis, a exemplo dos fundamentos internos da economia, do risco país, da quantidade de moeda que está entrando ou saindo, da estabilidade política e por aí vai.

Esta semana, a cotação do dólar caiu para R$ 4,8 o menor nível desde 2022 e são vários os motivos que parecem estar estabelecendo uma tendência de queda na paridade entre as moedas. Um deles é o diferencial de juros que aumenta o fluxo de dólares entrando no país, afinal, para os investidores, é muito mais lucrativo aplicar o dinheiro aqui, onde os juros são estratosféricos do que em outros países. Como tem mais dólar entrando no país, a cotação cai. Note-se que o Federal Reserve, o Banco Central americano, já está prevendo quedas nas taxas de juros americanas este ano, enquanto por aqui o Comitê de Política Monetária continua mais realista que o rei.

Além disso, existe a expectativa de aprovação do arcabouço fiscal pelo Congresso Nacional e ele veio mais rígido do que o governo queria. Com isso, a incerteza fiscal se reduz, as previsões inflacionárias também e há melhoria no risco país. Além do mais, o déficit em conta corrente do Brasil está sendo totalmente financiado pelo superávit comercial recorde e pelas entradas de investimentos estrangeiro. E mais, um real valorizado ajuda a reduzir as pressões sobre os preços e as expectativas de inflação, e assim o Banco Central não vai ter mais esse pretexto para continuar com juros altos.

Por tudo isso, é possível dizer que, se os fundamentos econômicos forem mantidos e se não houver qualquer cataclismo político ou econômico interna ou externamente, a cotação do dólar tenderá a ficar abaixo de R$ 4,50 até o final do ano.

Aqui vale dizer que um real mais valorizado é bom para alguns segmentos e ruim para outros. Quem pretende viajar para o exterior é beneficiado na hora, mas o turista estrangeiro vai encontrar o Brasil um pouco mais caro. O mesmo acontece com os produtos brasileiros que ficarão mais caros no exterior afetando as exportações, sempre lembrando que as empresas brasileiras são suficientemente competitivas para aguentar o tranco, embora tendo um lucro menor. Já as importações ficam mais baratas e isso vai estimular a compra de mais bugigangas chinesas, pressionando o varejo, mas, ao mesmo tempo, as máquinas e equipamentos ficarão mais baratos e isso beneficia a indústria e os investimentos.

Frente a esse quadro, e supondo que o governo preserve a segurança jurídica, não caia no conto da reestatização de empresas e avance com o projeto de reforma tributária, a tendência é o estabelecimento de uma taxa câmbio mais favorável ao real. Existe, portanto, possibilidades efetivas da cotação do dólar chegar a R$ 4,50, mas, cuidado, pode ser apenas uma treta de Deus para humilhar este economista.

A MUDANÇA DA PPI, A PETROBRAS E ACELEN

A mudança da política de preços da Petrobras foi anunciada ao mesmo tempo que a redução dos preços dos combustíveis. Mas uma coisa não teve nada a ver com a outra, pois a queda já estava prevista. Aliás, a Petrobras demorou em reduzir os preços e estava perdendo mercado, para o diesel russo. A Acelen , que é uma empresa privada, não demora nem para aumentar, nem para baixar o preço, por isso já estava vendendo mais barato que a estatal. No 1º quadrimestre deste ano, a Acelen reduziu o preço do diesel em 31% e baixou o preço da gasolina em 16%. A Petrobras apenas reduziu o preço que a Acelen já tinha reduzido. Mesmo assim, a Acelen ainda vende gasolina 3% mais barato que a Petrobras.

A MUDANÇA DA PPI E A PETROBRAS

A mudança na política de preços da Petrobras trouxe alguma incerteza ao mercado. A estatal diz que vai analisar os custos, vai ver os preços dos concorrentes, buscar um ponto ótimo entre produção e exportação e mante como referência de preços os preços internacionais. Ora, esses termos são tão amplos que a diretoria da Petrobras pode fazer qualquer coisa. Na verdade, enquanto o preço do petróleo estiver caindo no mercado internacional, nada vai mudar. Mas fica uma dúvida: e quando o barril de petróleo subir muito lá fora, a Petrobras vai repassar o aumento ou fazer como no governo Dilma em que os preços dos combustíveis foram represados causando uma enorme crise no país?

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