Fica cada vez mais evidente que o presidente Lula não tem maioria no Congresso Nacional, especialmente na Câmara de Deputados. Na semana passada o Congresso Nacional manteve os dispositivos vetados no marco legal do saneamento básico e a votação do projeto das Facenews teve de ser adiada.
A conclusão é uma só: o governo Lula não tem maioria no Congresso Nacional, sequer uma maioria eventual.
E assim fica difícil governar. Esse é o problema do governo, afinal, após mais de quatro meses nada foi aprovado no Parlamento e isso acena para um governo fraco, sem capacidade capacidade de aprovar projetos fundamentais para o país. Tradicionalmente, após ser eleito, todo governante tem pelo menos seis meses de lua-de-mel com a população e com o Congresso, período em que aprova tudo que quiser, pois o país e os políticos dão ao novo governo um crédito de confiança. Não tem sido assim com o governo atual, não só porque a eleição foi extremamente polarizada e Lula ganhou por uma margem mínima de votos, mas também porque o Congresso eleito é um dos mais reacionários da história recente, parte dele resistente às propostas do vencedor.
Além disso, há outros problemas. Como ficou claro, nas duas últimas votações, alguns partidos estão engabelando o presidente da República, aceitando cargos e comando ministérios, mas sem dar a contrapartida de apoio no Congresso. É o caso do União Brasil e de outros partidos, que têm ministérios, mas agem como oposição ao governo. Por outro lado, o Ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, é um gentleman, um homem de negociação, mas não parece ser o quadro adequado para negociar com as raposas do Congresso Nacional.
Não é por outro motivo que, na Câmara de Deputado e no próprio governo, incluindo o PT, já existe um forte movimento que pode ser definido em uma frase: “Vai para casa Padilha”. Lula até empoderou seu ministro na última semana, mas não se trata disso, Padilha é quadro com perfil muito mais executivo do que político e não tem experiência para tratar com um Congresso comandado pelo Centrão. O fato é que ou Lula assume a articulação política ou seu governo não vai começar tão cedo. (EP – 08/05/2023).