A última visita de um oficial do alto escalão do governo americano à Salvador foi em 2008
Em Salvador, a ministra da Igualdade Racial do Brasil, Anielle Franco, se reuniu com a embaixadora dos EUA nas Nações Unidas, Linda Thomas-Greenfield, para renovar o acordo bilateral entre os dois países sobre o Plano de Ação Conjunto Brasil-EUA para Eliminar a Discriminação Racial e Étnica e Promover a Igualdade (Japer, na sigla em inglês). O evento foi na Casa do Carnaval, Centro Histórico da capital baiana.
“Os Estados Unidos têm a segunda maior diáspora africana; o Brasil tem a maior. Algumas das tradições mais ricas do Brasil, como samba, carnaval vêm da diáspora Ainda assim, o Brasil e os Estados Unidos, assim como qualquer país no mundo, tem racismo sistêmico”, afirmou Linda.
A última visita de um oficial do alto escalão do governo americano à Salvador foi justamente quando a então secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, assinou a primeira versão do documento, em 2008. Segundo a ministra Aniele Franco, ainda que o acordo tenha sido assinado, ele ficou praticamente parado.
“A gente retoma, mas já vai ter uma reunião de trabalho. A gente assina, mas já vai ter construído coisas. No próximo dia 30, estaremos no fórum, lá nos EUA, entendendo a responsabilidade”, diz, citando a segunda sessão do Fórum Permanente da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York.
E completa:
“O Japer tem alguns eixos centrais e, dentro desses eixos, a gente vai tentar cada vez mais combater o racismo, que é diário. A gente tem acompanhado firmemente, cada vez mais perto, tudo que tem acontecido no nosso país. De fato, o Brasil voltou para que a gente pudesse retomar esse lugar internacionalmente e pautar políticas de qualidade para as pessoas”, acrescentou.
A escolha de Salvador para celebrar a renovação do acordo se deu pela simbologia da cidade para a luta da população negra, assim como as semelhanças com os EUA, como explicou a embaixadora americana.
“Nós sabemos as desigualdades que nossos povos enfrentam como resultado direto de algumas das partes mais feias da nossa história. Estamos aqui em Salvador, o coração do Brasil negro, porque essa cidade representa os dois: os problemas do racismo e o futuro otimista que esperamos”, afirma Linda Thomas-Greenfield.
Foto: Arisson Marinho/CORREIO