A Midea fez uma abordagem preliminar nas últimas semanas com a fabricante de eletrodomésticos sobre uma possível transação
O Midea Group está explorando uma possível aquisição da Electrolux, em um movimento ousado da gigante chinesa de eletrodomésticos para adicionar a marca sueca de luxo, apesar da potencial oposição política. A Midea fez uma abordagem preliminar nas últimas semanas com a fabricante de eletrodomésticos sobre uma possível transação, disseram as pessoas, que pediram para não serem identificadas porque as discussões são privadas. A Electrolux até agora não foi receptiva à proposta, disseram algumas das pessoas.
Depois de dois anos de repressão do governo, indústria tenta atrair investidores novamente em um momento em que corrida tecnológica se torna mais acirrada. A Midea está interessada na Electrolux há algum tempo e gostaria apenas de um acordo amigável, disseram as pessoas. Outros fabricantes de eletrodomésticos asiáticos, incluindo a Samsung Electronics, também analisaram os negócios suecos, acrescentaram as pessoas. Mas não seria um movimento inédito. Em 2010, a chinesa Geely, do bilionário Li Shufu, adquiriu a Volvo por US$ 1,3 bilhão. Desde então, a montadora sueca ampliou o seu status de fabricante de modelos premium e multiplicou por 30 o seu valor de mercado, hoje na casa de US$ 40 bilhões.
As ações de classe B da Electrolux, com sede em Estocolmo, subiram quase 16% na sexta-feira (28) com ganhos acima do esperado, dando-lhe uma capitalização de mercado de US$ 4,3 bilhões. As ações da Midea subiram cerca de 10% neste ano, avaliando-a em cerca de US$ 58 bilhões. O acordo testaria a capacidade da empresa chinesa de fazer aquisições estrangeiras em meio às crescentes medidas protecionistas na Europa e nos Estados Unidos, mesmo que lava-louças e geladeiras não sejam necessariamente consideradas um risco à segurança nacional.
A potencial compra da Electrolux acrescentaria às aquisições anteriores da Midea no exterior. A empresa chinesa, com sede em Foshan, na província de Guangdong, comprou o controle acionário da unidade de eletrodomésticos da japonesa Toshiba Corp. em 2016. Adquiriu a fabricante alemã de robôs Kuka AG um ano depois, o que gerou preocupações no governo alemão. O presidente da Midea, Paul Fang, insinuou interesse em aquisições na América e na Europa em 2017, depois que a empresa participou da licitação da unidade de linha branca da General Electric, que foi vendida ao concorrente chinês Haier Group. A turca Arçelik, que fechou um acordo europeu com a Whirlpool neste ano, também é uma concorrente.
A Midea e a Electrolux já possuem algumas parcerias e, em 2018, lançaram juntas a marca AEG de alto padrão na China. Um porta-voz da Electrolux se recusou a comentar, enquanto os representantes da Midea e da Samsung não puderam ser imediatamente contatados para comentários fora do horário comercial normal. A chave para qualquer negócio seria obter o apoio do investidor da família bilionária Wallenberg, o maior acionista da Electrolux. Houve especulações em fevereiro sobre o potencial interesse da Midea. A Electrolux está em processo de demitir 3.800 trabalhadores, enquanto busca cortar custos e recuperar seus negócios na América do Norte. Ela reportou ganhos no primeiro trimestre melhores do que o esperado, mas ainda apresentou prejuízo líquido, com analistas apontando para fluxo de caixa negativo.
Fonte: Bloomberg News – Foto: Shutterstock