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O VAREJO EM CRISE NO BRASIL E NA BAHIA – ARMANDO AVENA – JORNAL A TARDE

Redação - 06/04/2023 18:58 - Atualizado 06/04/2023

O comércio varejista na Bahia está em crise. Em 2022, o comércio foi o único setor da economia baiana cujo PIB registrou queda de quase 1%. Neste ano, as vendas de móveis e eletrodomésticos na Bahia caíram 21% e as de automóveis despencaram 15%. E os setores de material de construção, combustíveis, hipermercados e outros também sofreram redução nas vendas, sempre em relação a 2021. Entre os grandes ramos, apenas as farmácias registraram crescimento.

A crise do setor não é uma exclusividade baiana, ela está crescendo Brasil afora e, em 2022, o setor ficou em segundo lugar em número de pedidos de recuperação judicial. No início de 2023, as lojas Americanas pediram recuperação judicial com um rombo contábil de R$ 40 bilhões, e as grandes redes de  comércio varejista no Brasil começaram a registrar dificuldades financeiras, a exemplo das Lojas Marisa, Renner, Tok&Stok e muitas outras. A rede Le Biscuit S.A, empresa baiana com sede em Feira de Santana e uma das maiores varejistas do país, registrou em 2022 um prejuízo de R$106 milhões, resultado praticamente igual ao verificado no ano passado. Para fazer frente à crise, a companhia fechou nove lojas físicas, fez ajustes na estrutura organizacional, está racionalizando despesas, ampliando sua ação nos canais digitais e executando um plano de reestruturação da dívida.

A crise começou na pandemia, pois o varejo foi o setor mais sacrificado, passando longos períodos de inatividade que levaram a descapitalização das empresas. Depois,  o setor se deparou com um cenário macroeconômico muito ruim, com o aumento da inflação, a alta da taxa básica de juros,  a forte queda no consumo e a competição desigual no âmbito do comércio virtual.

 A Selic escalou de 2% ao ano no início de 2021 para 13,75% ao ano desde agosto de 2022, o que significa que o custo do crédito está em patamares exorbitantes, inibindo o consumo e as vendas. Por outro lado, a perda de poder aquisitivo da população, frente uma inflação que ainda não foi debelada, segue crescente. Além disso, quando a taxa de juros estava em 2%, muitas empresas tomaram empréstimos buscando uma alavancagem financeira e, de repente, se viram frente a um endividamento crescente.

Para completar, o varejo brasileiro gera capital de giro em negociação com fornecedores e usando dinheiro de terceiros e quando os juros batem em 13,75%  isso se torna perigoso. Como se não bastasse, a concorrência com o comércio eletrônico, principalmente lojas chinesas, como Shein, Shopee e outras, que não pagam impostos e não tem imobilizado,  estabeleceram uma competição desleal e que vem ferindo de morte o varejo brasileiro.

O cenário para 2023 ainda não está claro, mas é preocupante. É urgente, a redução na taxa de juros e a aprovação da reforma tributária – mas não para aumentar impostos e sim para  desonerar e otimizar o setor. O comércio varejista é uma das atividades que mais geram emprego e renda e é preciso buscar soluções para o setor.

                                               A  BAHIA E A FERROVIA

A VLI quer a renovação antecipada da FCA – Ferrovia Centro Atlântica já em 2023 e o diretor do grupo, Fabio Marchiori, disse ao Valor Econômico que em troca haverá investimentos na ordem de R$ 14 bilhões e uma outorga de R$ 3,3 bilhões. Para a Bahia quase nada, talvez alguns trilhos e vagões e um dinheirinho para a Fiol. Ele diz que o principal vetor de crescimento da companhia é a ferrovia Norte-Sul  até o porto de Itaqui e o Espírito Santo. A VLI, controlada pela Vale, passou 25 anos na Bahia com nível de investimento baixíssimo e deixou degradar grandes trechos ferroviários. A proposta agora é devolver esses trechos imprestáveis. Quanto ao trecho que fica, daqui a 35 anos eles devolvem ao governo.

                                       O TURISMO NA BAHIA EM 2022

O termo  “Revenue per Available Room” (RevPAR) é um indicador de performance de hotéis: receita por quarto disponível. Em 2022, os hotéis de Salvador atingiram uma receita por quarto disponível de R $199,00, o 4º maior do país, abaixo apenas de São Paulo, Rio e Brasília. Foi um bom desempenho, mas ainda está 5,2% abaixo da pré-pandemia, isso porque a demanda só ficou mais aquecida no segundo semestre. Em dezembro, a ocupação média foi de 61%, semelhante ao Rio (62%),  e a diária média de R$ 328,00 , ficando apenas em 5º lugar entre os principais destinos do país, abaixo de São Paulo, Rio de Janeiro e até Recife. Salvador. Dados do  Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil.

Publicado no Jornal A Tarde em  06/04/2023

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