Um voo de nove horas custa menos do que um voo de apenas duas horas
Se o leitor entrar no site da Air Europa neste domingo (5) será possível encontrar, a depender do dia, passagens saindo de Salvador para Madri neste mês de março na faixa de R$ 3.500,00. Se, no entanto, entrar no site de qualquer empresa brasileira de aviação e procurar uma passagem Salvador para Rio de Janeiro para o mesmo mês de março, o valor será de R$ 3600,00 ou mais.
Essa é a enorme distorção que existe no mercado brasileiro de aviação atualmente e que faz com que um voo de nove horas atravessando o Atlântico tenha o mesmo preço de outro de duas horas sobrevoando o Brasil. Sem ter melhor explicação, as empresas áreas brasileiras culpam os aumentos de preços no querosene de aviação, mas o valor do combustível, embora tenha subido, é o mesmo para voos nacionais e internacionais e não é difícil perceber que se gasta muito mais combustível indo para Madri do que para o Rio de Janeiro.
Qual a explicação? São muitas, e pode-se colocar a carga tributária, a falta de competição no setor, a judicialização e a alta margem de lucro das empresas brasileiras, em comparação com as empresas internacionais. Além disso, há um dado adicional: como grande parte da demanda por passagens no Brasil é institucional, ou seja comprada por empresas ou instituições, as aéreas jogam o preço lá para cima.
Tudo isso e mais o caráter cartelizado do mercado brasileiro, dominado por três empresas, causa enormes distorções e faz muitos especialistas afirmarem que só uma política de céus abertos, que submeteria o setor à competição internacional, seria capaz de reduzir os preços.