A guerra da Ucrânia completou um ano ontem (24) as consequências econômicas do conflito com a Russia são globais. No Brasil,
o principal ponto em questão é a dos fertilizantes. O Brasil hoje só produz 15% de sua demanda de adubo. Na Bahia, a produção de fertilizantes tem grande potencial. Em entrevista ao Jornal Correio, Paulo Roberto Huertas Arnaez, diretor executivo da Unigel Agro. Afirmou que o estado tem mão de obra qualificada.
“A Bahia tem um polo industrial pronto e mão de obra capacitada. Acho que temos os melhores profissionais aqui e em Sergipe”, avalia “Temos um potencial enorme de desenvolver esta indústria pelo acesso à energia limpa. A gente inclusive pode desenvolver a amônia verde e a partir daí, fertilizantes verdes. Não é algo que vai acontecer da noite para o dia, mas é uma tendência irreversível”, acredita o executivo.
Na frente mineral, as condições também são promissoras. O presidente da Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM), Antonio Carlos Tramm, destaca que o governo do estado trabalha para a criação de um plano de desenvolvimento da cadeia de mineração. “Quando se retira uma substância da natureza, ela vem junto com outras que muitas vezes são tratadas como resíduos. Queremos criar condições para o reaproveitamento disso, seja para a construção, a indústria química ou a produção de fertilizantes”, afirma.
Na Bahia, já existem iniciativas relacionadas ao uso do pó de determinadas rochas para o enriquecimento dos solos, com os chamados remineralizadores, que prometem repor tanto os macronutrientes, como fertilizantes comuns, quanto micronutrientes. “A ciência indica estes produtos como boas alternativas para o solo e temos potencial para a produção”, diz Tramm. “É um blend com o pó de rocha, em que é possível dosar de acordo com o que cada região precisa, sem empobrecer o solo”.
Além disso, a CBPM está trabalhando em um projeto para fomentar a construção de miniunidades produtoras de fertilizantes, que poderão ser instaladas próximas aos polos agrícolas baianos. O engenheiro químico João Alberto Tude, responsável pela condução dos estudos, explica que a diversidade da riqueza mineral do estado pode ser usada para prover diversos nutrientes que são necessários para a agricultura brasileira.
“Eu diria que hoje a única coisa que falta para tornarmos a Bahia uma potência é um programa estruturado para isso, porque nós temos jazidas identificadas de fosfato, cálcio, calcário e magnésio. Já produzimos ureia e temos potencial para ampliar essa produção”, enumera o pesquisador, lembrando que o potássio, também importante para o campo, está disponível no vizinho estado de Sergipe.
Fonte: Jornal Correio
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