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 O CARNAVAL  E A ECONOMIA BAIANA

Redação - 16/02/2023 09:48 - Atualizado 16/02/2023

O economista Armando Avena diz que o carnaval precisa se preparar para a concorrência

Carnaval é economia na veia. Poucos eventos conseguem mobilizar uma cadeia de negócios tão ampla. A festa movimenta a indústria, o comércio e o turismo. Dinamiza a hotelaria, os bares e restaurantes, as empresas que montam shows e estruturas, a economia informal, o comércio em geral, a indústria de bebidas, alimentos e outras, as locadoras, fornecedoras de serviços e buffet e uma miríade de pequenos serviços. E dinamiza o setor imobiliário tanto para quem quer curtir o carnaval, como para quem não quer.  No primeiro caso, a depender do local, o aluguel de um apartamento no circuito pode atingir R$ 30 mil ou mais só nos dias de festa. No segundo, é uma fábula o aluguel de uma casa ou apartamento no litoral Norte ou em outras localidades.

Carnaval é geração de emprego na veia. Estima-se que cerca de 200 mil pessoas estejam ocupadas em função da festa,  mobilizadas pelo trabalho no circuito propriamente dito ou nas áreas de alimentação, hospedagem, bebidas, transportes, segurança, comércio e todo o mercado informal. É verdade que  cerca de 70% desse mercado é caracterizado pela baixa remuneração, e entra no dia a dia dos trabalhadores como um bico sazonal, mas de enorme importância para as pessoas e para a economia de uma cidade pobre.

Carnaval é dinheiro novo na veia. Estima-se que 800 mil turistas virão a Salvador e a ocupação hoteleira, que será de 95% ou de 100% em algumas áreas, significa gasto diário expressivo. E mesmo o turista  que não fica em hotéis e prefere a casa de amigos ou o aluguel de temporada também tem um gasto médio bem maior que o do morador. A soma de toda essa economia da alegria gera uma movimentação financeira da ordem de 2 bilhões. 

O carnaval traz o Brasil para Salvador. Mas ainda é uma festa regional, pois 60% dos turistas vêm do interior da Bahia e do Nordeste. Mas os turistas do  Sudeste,  a  maioria provenientes de São Paulo, já representam cerca de 15% do total, têm maior poder aquisitivo e  gastam mais, ocupam os melhores hotéis, os camarotes mais caros e os melhores blocos. Aqui vale dizer, que até no carnaval a  concorrência capitalista se impõe e os blocos  que agora lotam as ruas de São Paulo, do Rio e de Belo Horizonte estão reduzindo a demanda pelo carnaval da Bahia. E os estrangeiros ainda representam apenas 5% dos turistas que vêm para a cidade.

O carnaval de Salvador tem ainda duas outras especificidades e uma delas é a pobreza. Cerca de 60% dos foliões recebem entre um e cinco salários mínimos. E outra característica é a juventude, pois mais de 70% dos foliões estão na faixa entre 18 e 40 anos. Esses dados, a maioria atualizados de pesquisa da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais, mostra de forma clara a capacidade do carnaval de Salvador de gerar emprego e renda e de transformar a festa num instrumento de alegria e sobrevivência.

                          RENOVAR O CARNAVAL.

O carnaval de Salvador agora tem concorrentes de peso. São dezenas de blocos de rua fazendo um carnaval semelhante ao nosso em São Paulo,  Rio e Belo Horizonte. Isso deve servir de alerta aos organizadores da festa, até porque as atrações de fora e daqui que dominavam  o carnaval de Salvador agora são disputadas por outros carnavais. E se temos carnaval de rua em toda a parte, por que gastar passagem e hospedagem para vir a Salvador? O nosso carnaval precisa de renovação, não pode ficar repetindo a mesma fórmula e os mesmos artistas. Precisa investir naquilo que nos diferencia que são os blocos culturais e de origem negra. E precisa de mais atrações e mais criatividade.

                O AEROPORTO E  TURISMO INTERNACIONAL

 Desde de que foi entregue ao setor privado, o aeroporto de Salvador deu um salto de qualidade e aumentou sua produtividade. Na movimentação doméstica, ainda não voltou a ser líder no Nordeste, por conta da posição de Recife na distribuição de voos para outras capitais da região. Mas na movimentação internacional já superou Recife e hoje ocupa o 2º lugar no Nordeste e o 8º no país, em embarques e desembarques internacionais: um total de 173 mil passageiros em 2022, incremento de  200% em relação a 2021. O aeroporto de  Fortaleza é o grande hub de voos internacionais do Nordeste com 231 mil passageiros e crescimento de 250%. Mas  há espaço para uma política de atração de novas rotas.

 

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