O presidente do Federal Reserve, o banco central americano, Jerome Powell, trouxe alívio aos mercados por alguns instantes ao não mudar muito sua mensagem mesmo após o dado de emprego nos Estados Unidos muito acima do esperado na sexta-feira.
Mas a alegria durou pouco, pois Powell deixou aberta a porta para novos aumentos acima dos já esperados pelo mercado se inflação e emprego continuarem fortes.
Powell, que participou de uma entrevista no Clube de Economia de Washington, praticamente repetiu o cenário traçado na quarta-feira, quando o Fed elevou os juros em 0,25 ponto percentual. Ele afirmou que os juros americanos ainda não estão em terreno restritivo suficiente, que o mercado de trabalho está muito forte e desequilibrado e que serão necessários mais um par de aumentos nas taxas básicas para garantir que a inflação de serviços, hoje muito acima do desejado, recue e comece a convergir para a meta de 2,0% ao longo deste ano.
Ele reconheceu que há um movimento desinflacionário, de queda da inflação, mas ainda concentrado em bens, e que é preciso que esse ajuste ocorra também nos serviços, provavelmente no segundo semestre deste ano. E considerou positivo que a queda da inflação ocorra sem grande prejuízo para o emprego e para a atividade.
Mas Powell reafirmou que há um longo caminho ainda para o Fed conseguir terminar o trabalho de levar a inflação para a meta e deixou claro no fim da entrevista que, se os números de inflação, do mercado de trabalho e de renda nos próximos meses vierem acima do esperado, o Fed pode ter de continuar subindo os juros além do previsto para o mercado. Foi o suficiente para as bolsas americanas devolverem todos os ganhos e passarem a cair, com o Dow Jones perdendo 0,50%, o S&P500, 0,21% e o Nasdaq, 0,09%.
O rendimento dos títulos do Tesouro americano de dez anos, que havia caído de 3,65% para 3,62%, voltou a subir, para 3,65%, e o dólar zerou as perdas diante das principais moedas, conforme o índice DXY. No Brasil, o Índice Bovespa cai 1,13%, para 107.487 pontos, e o dólar sobe 0,88% no mercado futuro, para R$ 5,214, enquanto os juros caem nos prazos mais curtos e sobem nos mais longos, acompanhando as críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao presidente do Banco Central e à independência do BC.
Foto: divulgação
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