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ADARY OLIVEIRA- COMO PLANEJAR BEM UM NEGÓCIO

Redação - 16/01/2023 09:01 - Atualizado 16/01/2023

Durante os anos em que fui professor aprendi muito no relacionamento com os estudantes e com a oportunidade de preparar aulas, atualizando e aprofundando meus conhecimentos sobre os assuntos das disciplinas que lecionei. Por meio século vi muita coisa acontecer e levei para as salas de aula conhecimentos sobre as réguas de cálculo, calculadoras eletrônicas e computadores, usando quadro negro e giz, flanelógrafo, projetor de transparências, planilhas de cálculo e apresentações em power point. Entre as diversas disciplinas que ensinei a que mais me motivou foi “Processos e Equipamentos Industriais”, aulas dadas nas manhãs dos sábados, uma em cada fábrica e diante de olhos atentos. Outra matéria da qual guardo boas recordações foi a intitulada “Desenvolvimento de Negócios”, quanto orientava os alunos a descreverem a constituição de um negócio escolhido por cada um deles.

O trabalho era desenvolvido pelos alunos individualmente, em etapas denominadas passos. Eram 17 ao todo e começavam com a definição dos principais objetivos de um Plano de Negócio imaginário, fixando as metas a serem atingidas no longo prazo. Seguia-se a descrição do negócio escolhido citando suas principais características, avaliando alternativas, identificando riscos e probabilidade de sucesso. No terceiro passo se descrevia os bens ou serviços a serem produzidos definindo suas características, especificações técnicas e medidas que deveriam ser tomadas para garantir uma qualidade boa e uniforme.

A partir daí se fazia um relatório sobre as questões relacionadas com o negócio, estudando primeiramente a demanda e levantando informações sobre os mercados alvo, no país e no exterior, quantificando-os, descrevendo suas estruturas de comercialização (agentes, importadores, atacadistas e varejistas) e fazendo projeção de consumo baseada em dados estatísticos e outras apreciações. Em seguida o trabalho se voltava para a oferta, relacionando na concorrência os principais fabricantes dos bens ou prestadores de serviços, buscando informações sobre os mercados atendidos, problemas e adversidades, e fazendo projeção da oferta baseada em dados estatísticos e informações colhidas no mercado ou em publicações especializadas. Fazia-se no final um balanço da relação oferta-demanda.

O sexto passo era dedicado à política de preços. Laborava-se o levantamento dos preços praticados nos mercados alvejados, estudando-se seu comportamento ao longo do tempo e tecendo-se comentários sobre margens de contribuição e rentabilidade possíveis de serem praticados. O sétimo passo era destinado ao estudo do marketing, quando se elaborava um plano considerando os principais objetivos mercadológicos, oportunidades de negócio, estratégia de marketing e marketing mix, aí abordando a combinação das principais variáveis de decisão, tais como preço, distribuição, propaganda, publicidade etc.

Nos dois passos seguintes, oitavo e nono, tratava-se da localização e dos recursos materiais. Eram avaliadas as diversas alternativas de macro e de microlocalização, considerando a disponibilidade de matérias-primas e insumos, oferta de mão-de-obra qualificada, logística e custo de transporte, infraestrutura de comunicações, utilidades, proteção ambiental, custo operacional e valor dos investimentos. Quanto aos recursos materiais se descrevia a tecnologia (escolha, aquisição, transferência) e processo produtivo, definindo programa e capacidade de produção, à luz de considerações sobre engenharia básica, seleção de máquinas e equipamentos, obras de engenharia civil e estimativa dos custos gerais dos investimentos.

Ao se analisar os fornecedores, elencava-se as possíveis fontes de abastecimento de materiais, utilidades e prestadores de serviço. As necessidades de recursos humanos, treinamento e capacitação profissional fechavam o décimo primeiro passo. Seguia-se com a organização, com descrição das funções orgânicas e atividades operacionais. Desenhava-se o organograma com as áreas de Administração, Produção, Finanças e Comercialização.

No estudo dos recursos financeiros necessários à realização do negócio (ativo fixo e capital de giro), identificava-se as fontes que seriam utilizadas na implantação do negócio (recursos próprios e recursos de terceiros). Incluía-se aí a análise da captação e estudo dos aspectos fiscais e os incentivos oferecidos pelo governo. Neste passo era elaborado o quadro de Usos e Fontes. A projeção de vendas (14º passo) era feita para um horizonte de tempo mínimo de cinco anos. Na projeção de custos reunia-se as despesas operacionais, administrativas e financeiras, usando-se o mesmo horizonte de tempo das outras projeções. Para cálculo da rentabilidade fazia-se a projeção do fluxo de caixa para os períodos de realização dos investimentos e de operação, até que se alcançasse a estabilização. Finalmente chegava-se ao 17º passo com o apêndice, reunindo-se os documentos fontes de informações utilizadas na elaboração do Plano de Negócio.

Muitos estudantes executaram seus planos quando saíram da universidade e obtiveram sucesso na vida profissional como empresários.

Adary Oliveira é engenheiro químico e professor (Dr.) – [email protected]

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