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CLASSE C: O RETÔRNO – O FILME DE LULA – ARMANDO AVENA

Redação - 08/12/2022 07:26 - Atualizado 08/12/2022

Um fenômeno econômico ocorreu entre os anos 2003 e 2010: a ascensão da Classe C.

Esse fenômeno gerou o que alguns economistas chamam de “milagrinho econômico” e fez com que o Brasil tivesse o maior crescimento econômico desde a redemocratização.  A taxa de crescimento médio do PIB brasileiro cresceu 4,1% no período e fez com que o comércio, o turismo, a indústria e o consumo em geral crescessem como nunca.

 Esse período corresponde aos dois primeiros governos de Luiz Inácio Lula da Silva e no meio deles, em 2008, houve uma crise sem precedentes na economia mundial. Como isso foi possível?  A resposta está na emergência da Classe C, que fez com que milhões de famílias registrassem uma mobilidade social significativa elevando a renda familiar. A renda domiciliar da classe C aumentou, ficando entre R$ 2 mil e R$ 5 mil em valores da época, significando  milhões de pessoas que estavam fora do mercado de consumo e, de repente, passaram a consumir e de tal modo que o consumo das famílias  foi a mola propulsora do crescimento do PIB nesse período.

Isso ocorreu porque o primeiro governo Lula encontrou o país com estabilidade inflacionária, um legado da era FHC, e estabeleceu uma série de políticas distributivas, tendo como carro chefe o aumento real do salário mínimo, mas adotando também medidas como a super expansão do crédito e a implantação de políticas sociais em várias áreas – Bolsa Família, Fies, Prouni, Minha Casa, Minha Vida  e outros – que viabilizaram  a mobilidade ascendente de milhões de brasileiros e um salto econômico no empresariado. Com isso, o coeficiente de Gini, que mede a desigualdade,  caiu para seu menor patamar e a expansão do crédito fez crescer os investimentos  e os programas de transferência de renda fizeram o resto dinamizando o consumo.

O crédito habitacional, por exemplo, passou de uma fatia de 2,5% do PIB para 7,5% e fez bombar o investimento em construção civil e o crédito em geral aumentou de 25% do PIB para mais de 50%. Resultado: surgiu uma nova classe média, a classe C, ou, como queriam alguns, “a baixa classe média” e, afora os retrógrados que se aborreciam com  os aeroportos cheios e as lojas lotadas, todos adoraram,  especialmente os empresários dos setores de serviços, comércio e construção civil. 

O modelo adotado embutia por um lado a transferência de recursos dos mais ricos aos mais pobres, através da mediação do estado e a ampliação dos gastos do governo. O problema é que o uso ampliado de recursos públicos precisa ser dosado, com movimentos para frente e para trás, para não gerar crises fiscais, o que, aliás, aconteceu no governo Dilma Rousseff. Mas não há dúvida de que, diferente do “milagre econômico dos militares” – marcado pelo viés de concentração de renda do tipo é preciso crescer para depois distribuir –, o milagrinho de Lula foi feito através da inserção de milhares de pessoas no mercado de consumo.

A Classe C – O retorno!  Esse é o filme que Lula quer passar no seu terceiro governo. Será possível retomar esse modelo fazendo ascender novamente a Classe C?  Bom, o momento econômico é outro, ao invés de estabilidade monetária, temos uma inflação que ainda não mostra sinais de queda consistente; um quadro fiscal crítico que vai demandar elevação de impostos e um cenário internacional de crise. Mas ao adotar o reajuste do salário mínimo acima da inflação, ao sinalizar a retomada dos programas sociais e de transferência de renda e o investimento estatal em obras de infraestrutura, Lula indica que quer implantar  um modelo baseado no consumo e que pretende reeditar o filme que fez enorme sucesso no seu primeiro governo.

                                 REVISTA DO BAHIA ECONÔMICA

 Todos os anos o portal Bahia Econômica publica uma revista impressa e convida os líderes de empresas e associações empresariais para falar da experiência e analisar o setor onde atuam no contexto da economia baiana e brasileira. A revista deste ano, cujo link já está no site, foi especial pois abordou os principais setores da economia baiana, como o agronegócio, a indústria, a mineração, o complexo industrial de saúde, o mercado de combustíveis, a construção civil, a economia verde, as energias renováveis e  a infraestrutura e outros. O mais importante foi ver as empresas se reinventando após a pandemia e demonstrando a força do empresariado baiana e sua vocação para o desenvolvimento. 

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