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LULA É TRATADO COMO CHEFE DE ESTADO EM PORTUGAL

Redação - 20/11/2022 06:22 - Atualizado 20/11/2022

Mesmo antes de tomar posse, o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, já foi tratado como chefe de Estado em Portugal, que considera sua visita uma virada de página na relação com o Brasil.

Sua presença no país, onde Jair Bolsonaro jamais pisou em quatro anos, reanimou a ligação histórica entre os países.

No intervalo de poucas horas, após se reunir com os presidentes Marcelo Rebelo de Sousa e Filipe Nyusi, de Moçambique, e com o primeiro-ministro António Costa, Lula reposicionou a diplomacia brasileira, mostrando ser possível reaproximar América do Sul e Europa, além de fortalecer a ligação com nações africanas de língua portuguesa.

— É um virar de página. Há muito tempo que não tínhamos um encontro assim. Portugal tinha muitas saudades do Brasil, há muito tempo que não estávamos juntos. E eu, pessoalmente, tinha muitas saudades do presidente Lula — disse Costa antes de jantar com o presidente eleito na residência oficial em São Bento. Lula também tinha saudades de Portugal e prometeu voltar outras vezes. A primeira delas está marcada para o próximo ano, quando entregará o prêmio Camões a Chico Buarque, que Bolsonaro não quis referendar. O músico programou uma temporada de shows no país.

Além do prêmio, Portugal e Brasil voltarão a organizar cúpulas regulares a partir de 2023. E também encontros entre a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). As cimeiras bilaterais não acontecem há seis anos e são importantes para alinhar decisões políticas e econômicas que causam impacto na vida de brasileiros e portugueses, como as questões burocráticas e problemas envolvendo a crescente emigração do Brasil para Portugal: xenofobia e atraso na regularização da documentação.

— Estejam certos, o Brasil vai voltar muitas vezes a Portugal. Nós temos uma cimeira para fazer, temos o encontro da CPLP, que há muito tempo não acontece. E nós temos o prêmio Camões para o nosso querido brasileiro e adorado em Portugal, Chico Buarque — afirmou Lula. Depois de desembarcar numa base área, o presidente eleito seguiu para almoçar com a mulher, a futura primeira-dama Rosângela Silva, a Janja, Fernando Haddad e Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal.

Descoberto no restaurante de Lisboa, o petista reuniu em pouco tempo dezenas de admiradores, que o cercaram na saída da comitiva de vários carros rumo ao Palácio de Belém, residência oficial do presidente Marcelo Rebelo, primeiro chefe de Estado que Lula visita após vencer a eleição. A viagem acontece a convite da Presidência portuguesa, que recepcionava o moçambicano Nyusi no mesmo momento em que Lula chegou, adiantado alguns minutos ao horário marcado. Foi incluído na reunião, que contou com o ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, José Gomes Cravinho.

Era uma agenda oficial de dois chefes de Estado que aconteceu a portas fechadas, enquanto petistas e bolsonaristas se manifestavam na rua. Com a sua participação, Lula pôde entender melhor a expectativa que Marcelo Rebelo tem em relação à CPLP, cujo acordo de mobilidade foi ratificado pelo Brasil. Mas também aprender sobre a política portuguesa. — Eu vim aprender com a esperteza política do presidente Marcelo e com o primeiro-ministro, que inventaram uma tal de Geringonça, que ganhou as eleições e consertou a economia portuguesa — disse Lula, referindo-se a uma coalizão informal que ajudou a manter extrema direita fraca no país.

No terreno europeu, Portugal apoiará ainda mais o Brasil no processo de ratificação do acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul. O texto foi aprovado em 2019, mas os deputados europeus votaram pelo bloqueio porque concluíram que o documento não assegurava a proteção da Amazônia diante do avanço dos indicadores de desmatamento. Com sua política de frear a devastação, o governo Lula é a ponte que faltava. — Um dos meus compromissos de campanha é concretizar o acordo do Mercosul com a União Europeia — lembrou Lula.

Foto: Gian Amato

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