O debate entre os candidatos à presidência da República frustrou todo mundo que esperava uma luz para a economia brasileira. De um lado, Bolsonaro dizendo que a economia vai maravilhosamente bem e que ninguém passa fome no Brasil. De outro, candidatos com propostas cheias de boas intenções, mas pouco factíveis.
Comecemos por Bolsonaro. Os indicadores da economia brasileira realmente melhoraram, com o desemprego se reduzindo um pouco, a inflação em queda e uma previsão de crescimento do PIB de 2%. O problema é que esses números não se sustentam. A queda na taxa de desemprego, o aumento da arrecadação e o crescimento do PIB são resultantes da retomada do pós-pandemia, pois só agora os serviços se recuperaram, da inflação que cria um falso ambiente de crescimento.
O problema é que o crescimento econômico não se sustenta, pois os juros tendem a permanecer altos não só porque a inflação ainda não cedeu, já que sua queda foi focada em combustíveis e energia, mas também porque os trabalhadores vão começar a exigir reposição salarial. A previsão de crescimento do PIB para 2023 é de apenas 0,37% . E isso no meio de uma bomba fiscal montada pelo governo, pois os gastos extraorçamentários já furaram o teto e a redução de impostos está sendo compensada com o aumento inflacionário da arrecadação.
E mesmo com a melhora, o legado da era Bolsonaro é uma inflação que será o dobro da meta prevista, uma taxa de desemprego que registra quase 10 milhões de desempregados, 6 milhões de desalentados e informalidade recorde. E bastaria o presidente dirigir sua moto para as periferias do país para ver a fome ao vivo e em cores.
O ex-presidente Lula, por outro lado, continua sem indicar como será sua política econômica e prevê o futuro acenando com o passado, ou seja, relembra seus dois mandatos, que tiveram bons indicadores, mas não aponta um caminho novo. Se coloca contra o teto dos gastos, mas não diz como vai controlar a bomba fiscal que está se formando e nem como vai garantir os bilhões do auxílio emergencial mantido em 600 reais.
Ciro Gomes apresenta propostas novas, mas está prometendo muito, como um auxílio emergencial de mil reais e a promessa de acabar com a inadimplência dos brasileiros. Soraya Thronicke tem no imposto único sua única proposta, que não existe em nenhum país do mundo e é de difícil aplicabilidade.
Já Felipe D’Ávila tem boas ideias, mas foca todo seu discurso na possibilidade de gerir o Estado como se fosse uma empresa privada. A régua do lucro, da produtividade e da gestão acima de tudo, não se aplica totalmente ao Estado, não só porque o povo não pode ser demitido, mas porque a régua pública é a igualdade e o fornecimento de serviços básicos. Por fim, Simone Tebet, que tem foco e se mostra com os pés no chão, mas tampouco adiantou suas ideias sobre economia.
AEROPORTO DE SALVADOR
A movimentação de passageiros no aeroporto internacional de Salvador ainda não recuperou o patamar de antes da pandemia. No 1º semestre de 2022, a movimentação foi de 3,2 milhões de passageiros, um crescimento de 52% em relação ao mesmo período de 2021, mas inferior a 2019. O aeroporto de Recife teve crescimento menor, de 35%, mas segue como principal aeroporto da região Nordeste. Em relação aos passageiros internacionais, a movimentação no aeroporto de Salvador foi de 73 mil pessoas, sete vezes mais que no 1º semestre de 2021, mas ainda em 2º lugar no Nordeste, pois o aeroporto de Fortaleza lidera o ranking com movimentação de 93 mil passageiros. Os números são da Anac.
A BAHIA E A INFRAESTRUTURA
Os candidatos ao governo da Bahia precisam falar de infraestrutura, pois este é o maior gargalo da economia baiana. Precisam falar da Ferrovia Oeste Leste, do seu traçado final e da sua interação portuária, e do que vão fazer com a BR-324, a Salvador/Feira, que hoje emperra o crescimento da Bahia. E precisam falar também da Ferrovia Centro-Atlântica, dos investimentos no sistema portuário, dos corredores rodoviários, da infraestrutura no Oeste e em outras regiões produtivas. Além disso, precisam se posicionar com relação à ponte Salvador/Itaparica, a ampliação do metrô e do BRT e sobre os investimentos em Ciência e Tecnologia, que serão a infraestrutura do futuro.
Publicado no jornal A Tarde em 01/09/2022