O Índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) avançou 1,4% em agosto, ante julho, registrando 88,3 pontos, contra 87,1 pontos do mês anterior, conforme divulgou o Fecomércio-BA, nesta terça-feira (30). Em relação ao acumulado anual, o crescimento foi de 16,7%, quando em agosto de 2021 o ICF foi de 75,7 pontos. A pesquisa mostra que o ICF varia de 0 a 200 pontos. Entre 0 e 100 pontos é considerado um nível de insatisfação com as condições econômicas. Já no intervalo de 100 a 200 pontos a avaliação é de satisfação. Quanto mais próximo dos extremos, 0 e 200, mais o sentimento é pessimista ou otimista.
Segundo o Fecomércio, dos sete itens analisados pelo ICF, seis tiveram alta em agosto. Dentre eles, o destaque é o Perspectiva Profissional que avançou 1% no período no contraponto mensal e 89,8% na comparação anual. Para o consultor econômico da Fecomércio-BA, Guilherme Dietze, “o item é o mais bem avaliado do indicador, com 119,6 pontos. Em percentual, são 55,4% das famílias que disseram que deve haver uma melhoria profissional para o responsável pelo domicílio nos próximos seis meses. Há um ano, o quadro era mais negativo, com 28,4% respondendo positivamente”.
Além disso, o “Emprego Atual” também subiu e registrou 1,7% no mês e 36,2% na comparação anual. Também na área de otimismo com 115,9 pontos, com a maioria das famílias (36,2%) dizendo estar mais segura no emprego atual do que há um ano. “De fato, os dados oficiais do IBGE e do CAGED confirmam que o mercado de trabalho está mais aquecido. No entanto, o ganho de renda ainda está pressionado pela inflação. Embora o item Renda Atual tenha crescido 1,8% no mês, a sua pontuação ainda está abaixo dos 100 pontos, com 97,6 pontos. Assim, a recuperação da renda não tem sido acompanhada na mesma proporção que a melhora no emprego”, explicou Dietze.
A pontuação do item “Acesso a Crédito” foi de 88,7 pontos, alta de 4,3% em comparação com o mês de julho. No entanto, de acordo com a pesquisa, está 4,6% abaixo do nível do ano passado. “Mesmo com o crédito relativamente mais fácil, as famílias não estão considerando um bom momento para compra de bens como geladeira, fogão, televisor etc”, indicou a pesquisa. O economista também pontuou que o item Momento para Duráveis desacelerou 3,1% e voltou ao patamar de junho de 2021. “Além do crédito mais caro, as famílias estão com muitas dívidas e priorizando os gastos nos setores essenciais e deixando o consumo de bens que, em grande parte, precisa de financiamento para depois”, disse.
O levantamento do Fecomércio, ainda indicou que o registro de consumo atualmente ainda está relativamente fraco. No entanto, a estimativa da Federação baiana para o futuro próximo é cada vez mais otimista. Em relação aos itens “Nível de Consumo Atual” e “Perspectiva de Consumo”, também cresceram, respectivamente, 1,4% e 0,4%. O primeiro ficou nos 62,4 pontos e o segundo nos 95,4 pontos. Nas duas faixas de renda avaliadas pela pesquisa, a que mais puxou o resultado do mês foi a de renda acima de 10 salários-mínimos, que subiu 7% e registrou 116,7 pontos. O ICF de renda mais baixo evoluiu 0,7% e está nos 85,7 pontos. “De forma geral, a tendência é de aumento da intenção de consumo por conta da melhora no emprego”, informou o dado.
“O ritmo de crescimento do indicador será mais forte quando a inflação começar a dar sinais mais expressivos de arrefecimento ou até mesmo queda. E isso tende a acontecer mais para o final deste ano e em 2023, o que ajudará na recuperação das vendas no comércio que, por enquanto, ainda estão abaixo das expectativas”, ressalta Dietze.
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil