A FCA – Ferrovia Centro-Atlântica, empresa controlada pela VLI Logística, está engabelando a Bahia. Há mais de 20 anos a empresa assumiu o Corredor Minas Bahia, a principal ligação ferroviária entre o Nordeste e o Sudeste, mas nesse período não houve qualquer investimento de porte, pelo contrário, o que se viu foi a falta de investimento nessa linha e o completo abandono de outras duas linhas férreas de sua responsabilidade: a que liga Salvador a Sergipe e a que liga Alagoinhas a Juazeiro.
E mesmo o Corredor Minas – Bahia, que tem oferta expressiva de carga inclusive petroquímicos, foi mantida no limite, com pouca manutenção da linha e vagões antigos. A palavra para a gestão da FCA na Bahia é descaso e o símbolo disso é a ponte entre Cachoeira e São Félix, uma ponte construída pelo imperador D. Pedro II que faz com que, cada vez que o trem passa por ela, a Bahia volte ao século XIX. Este colunista, que entre 2002 e 2006 foi secretário de planejamento do estado, testemunhou este descaso e tentou inútilmente que a empresa investisse na ferrovia, inclusive em uma variante que contornasse a ponte.
Nada foi feito e agora, quando o governo federal quer prorrogar o contrato de concessão da ferrovia, que só venceria em 2026, por mais 30 anos, a Ferrovia Centro Atlântica quer engabelar de novo a Bahia. Em troca da renovação, o grupo promete aplicar R$ 13,8 bilhões em investimentos em vários estados e pagar mais R$ 3,3 bilhões de outorga, mas a proposta da VLI para a Bahia é colocar recursos somente em novas locomotivas e em uma oficina de manutenção. E ainda quer devolver as linhas Norte e Centro. O governo do Estado rechaçou essa proposta e reivindica duas obras: a construção de uma nova ponte entre São Félix e Cachoeira e outra entre Camaçari e Aratu e ameaça entrar na justiça contra a renovação antecipada.
E o Ministério dos Transportes aventa a hipótese, inexplicável, de que parte dos recursos seja destinado aos trechos 2 e 3 da Ferrovia de Integração Oeste Leste (Fiol), algo como prometer remédio para quem está são, enquanto deixa o doente à míngua. A Bahia não pode aceitar ser engabelada novamente e essa é uma luta suprapartidária, pois em termos de logística é fundamental que o estado tenha não apenas a Fiol, que corta o território horizontalmente, mas também o Corredor Minas – Bahia, linha vertical ligando os mercados ao sudeste do país. Nessa equação logística é indispensável que a ferrovia aponte para o porto e que haja a construção da linha férrea ligando o Polo Industrial de Camaçari ao Porto de Aratu.
A FCA precisa dizer se vai investir para criar uma ferrovia competitiva ou se vai continuar fazendo ajustes pontuais até a linha se exaurir e ser palco de acidentes, como o descarrilamento de trem ocorrido na ponte Cachoeira – São Félix em junho passado.
O TURISMO VOLTA A BOMBAR
As atividades turísticas na Bahia aumentaram quase 50% entre janeiro e maio, em relação a igual período do ano anterior. Com isso, a Bahia recuperou o patamar pré-pandemia. Em 2021, segundo o IBGE, o faturamento com o turismo na Bahia atingiu R$ 1,1 bilhão e o estado ficou em segundo lugar no ranking nacional. A taxa de ocupação média dos hotéis em maio chegou a 55%, segundo Abih, o dobro da verificada em maio de 2021. Mesmo com a inflação, 35% dos bares e restaurantes voltaram a ter lucro e outros 35% estão com receita e despesa equilibrados. É hora do setor se preparar para o verão que promete ser um dos mais badalados do país, com carnaval e festival da Virada.
MOVIMENTAÇÃO PORTUÁRIA
A movimentação portuária na Bahia de Todos os Santos, somados os portos públicos e os portos privados, é uma das maiores do país e em 2021 atingiu 35 milhões de toneladas. No 1º trimestre de 2022, os terminais privados da Bahia movimentaram 6,5 milhões de toneladas, um aumento de quase 30% em relação ao mesmo período do ano passado. Parte expressiva desse incremento deve-se ao aumento da movimentação no terminal da Acelen, mas as potencialidades dos terminais privados na Bahia são grandes. Os portos públicos tiveram um desempenho menos expressivo e registraram uma queda de 5,7% na movimentação portuária entre janeiro e maio, mas esse incremento negativo deve ser revertido nos próximos meses.