Um possível comparsa do “Faraó dos Bitcoins”, que contratava integrantes do grupo de extermínio, foi mantido preso em uma decisão dada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Na fundamentação da decisão, o ministro que cuida do caso analisou as provas dos autos, que revelam parte das investigações policiais deste complexo caso. Glaidson Acácio dos Santos, o “Faraó dos Bitcoins”, foi preso em agosto de 2021 pela Operação Kryptos. No primeiro momento, ele foi acusado apenas de crimes contra o sistema financeiro nacional e pirâmide.
Autoridades federais investigam que ele movimentou bilhões de reais de clientes enquanto a GAS Consultoria, sua empresa, funcionou. Contudo, a Região dos Lagos no Rio de Janeiro viu crescer episódios de violência meses antes da prisão de Glaidson, com dois casos ganhando repercussão. E um deles é um atentado contra Nilson Alves (“Nilsinho”), um concorrente do faraó que pediu que pessoas de Cabo Frio parassem de investir na GAS, afirmando publicamente que essa empresa estava para cair a qualquer momento. Ele também operava um possível esquema similar e já atrasava saques quando, em março de 2021, levou vários tiros e quase morreu.
Ao investigar o caso, a Polícia Civil do Rio de Janeiro chegou a Thiago de Paula Reis, que teve mandado de prisão expedido em dezembro de 2021. Em uma decisão recente sobre um episódio de extrema violência envolvendo o “Faraó dos Bitcoins”, o STJ julgou um pedido de liberdade de um possível braço direito do empresário em seus supostos crimes. O caso foi analisado pelo Ministro Joel Ilan Paciornik, que percebeu nos autos da investigação um elaborado esquema que envolve a criação de um grupo de extermínio em Cabo Frio.
A defesa declarou que a prisão deveria ser desconsiderada, visto não haver provas que fundamentavam a decisão. Além disso, que o suspeito Thiago deveria ser considerado inocente até que se prove o contrário, visto que ele detém “condições pessoais favoráveis”. Ao analisar o pedido, entretanto, o ministro percebeu que o caso é complexo e envolve um grupo de extermínio. Segundo os autos, Thiago Reis é o responsável por contratar os homens que tentaram matar Nilsinho.
“No caso, verifica-se que a prisão preventiva foi adequadamente motivada com base em elementos concretos extraídos dos autos, restando demonstrada a elevada periculosidade social do agente e a gravidade concreta da conduta, haja vista que o recorrente, diretor de planejamento comercial de empresa de consultoria e investimento concorrente da vítima, a mando do corréu Glaidson – preso preventivamente no bojo da Operação Kryptos, denunciado como líder de uma organização criminosa direcionada à prática de crimes financeiros gestão fraudulenta de instituição financeira, evasão de divisas e oferecimento de contrato de investimento coletivo sem autorização dos órgãos competentes –, contratou os corréus Fabio, Rodrigo, Chingler e Rafael para ceifar a vida do ofendido, tendo em vista que estava atrapalhando a captação de clientes para investimentos em criptomoedas. A vítima foi cercada em seu carro, em via pública e em horário de grande circulação de pessoas, e alvejada com tiros no pescoço e coronhadas na cabeça, todavia, foi socorrida a tempo e sobreviveu aos ferimentos, circunstâncias que demonstram risco social.“
Foto: divulgação