As declarações do presidente em tom de elogio sobre o ex-prefeito ACM Neto (União Brasil), em entrevista exibida ontem na TV Aratu, foram recebidas pela oposição ao PT como indícios claros de que Jair Bolsonaro (PL) decidiu seguir o conselho de aliados e manter distância da disputa pelo governo do estado. Em posicionamento contrário ao adotado por líderes da tropa de choque bolsonarista e integrantes da cúpula do Planalto, o presidente destacou as credenciais de Neto para “ajudar a mudar a política baiana e proporcionar dias melhores para seu povo”. Desde o início do ano, Bolsonaro vinha sendo alertado de que montar uma trincheira de ataque a Neto na Bahia causaria danos enormes a ele mesmo.
“Embora tenha derramado loas a João Roma (ex-ministro da Cidadania e candidato do PL) na entrevista, Bolsonaro deu sinais de que apostar alto no aliado não está mais nos planos dele. Deve ter percebido que criar qualquer dificuldade para Neto traria muito prejuízo e quase nenhum ganho”, afirmou um parlamentar baiano próximo ao presidente.
Para políticos da oposição ao governador Rui Costa (PT), a pista mais concreta de que Bolsonaro mudou a estratégia voltada à sucessão estadual surgiu no trecho da entrevista no qual minimiza as críticas feita a ele pelo candidato da União Brasil. Em fala que contrasta com a postura diante de divergências, o presidente disse apenas que falta para muita gente reconhecer o que o governo fez para estados e municípios na pandemia. “Mas pessoalmente não tenho nada contra ACM Neto”, emendou. O gesto, avaliam caciques oposicionistas, indica que Bolsonaro está convicto de que a vitória de Neto no primeiro turno é a melhor chance de tirar a Bahia das mãos do PT e facilitar um eventual apoio no segundo turno. O que será improvável caso Bolsonaro se esforce para tentar atrapalhar o ex-prefeito. As informações são da coluna Satélitte.