Por Thiago Conceição
Em entrevista ao Bahia Econômica, o presidente da Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM), Antônio Carlos Tramm, afirma que a falta de avanço em logística e infraestrutura ferroviária têm elevado os custos do setor mineral do estado. Neste cenário, a CBPM se posiciona de forma contrária à tentativa da VLI Multimodal S.A de renovar sua outorga para operação da Ferrovia Centro Atlântica (FCA), na Bahia.
O modelo de renovação da FCA ainda tem sido avaliado como de baixo investimento na malha já existente, além de não apresentar a contrapartida para o setor mineral e o estado, destaca o presidente da CBPM. As linhas sob o controle da VLI no estado estão entre a Região Metropolitana de Salvador e as cidades de Juazeiro (BA), Propiá (SE) e Belo Horizonte (MG). Tramm reforça que a FCA é essencial para a movimentação mais ágil e segura de produtos minerais, em especial na direção dos terminais de exportação.
“A Bahia tem na sua costa 10 portos, entre portos e TUPs [terminais de uso privado]. Mas cadê o trem? Ele não chega. Para ter uma ideia, o Porto Enseada tem capacidade para receber um navio com carga de 44 mil toneladas. Através do transporte por estrada, é preciso percorrer o equivalente a 11 voltas entorno da terra para encher um desses navios com produtos, considerando a logística das principais empresas do setor no estado” diz Tramm.
O presidente ainda destaca que a VLI tem retirado trilhos e dormentes do ramal ferroviário já existente no estado, ao invés de realizar as manutenções necessárias. Outro fator que também tem atrapalhado a questão logística é a velocidade máxima dos trens, que fica em 11 km/h. Considerado demasiadamente lento, o ritmo eleva os custos de transporte para as empresas. Tramm acrescenta que a VLI ainda não apresentou o caderno de propostas para o estado, mas ainda pretende prorrogar a concessão da FCA por 25 anos.
Na Bahia, a FCA conta com rotas regulares de derivados de petróleo, cal, minério de ferro, minério de cromo, minério de magnesita, contêineres e cimento. Segundo a VLI, que desde 1996 administra a ferrovia, existe a estimativa de mais de R$ 3,5 bilhões de investimento no trecho baiano de circulação de trens entre o estado e o Sudeste do país pela FCA. Os recursos serão direcionados para melhorias na linha atual, como a troca de trilhos e dormentes e ainda a aquisição de dezenas de locomotivas.
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