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ECONOMIA CIRCULAR GERA OPORTUNIDADES NA BAHIA

Redação - 14/03/2022 07:02 - Atualizado 14/03/2022

Fazer do que é visto como lixo, um luxo. É esse o lema da Liga Transforma, startup soteropolitana que recicla lixo têxtil em design de moda. Um modelo de negócio baseado na Economia Circular, que repensa formas de produção, consumo e descarte de materiais, criando um segundo ciclo para resíduos. Quando se pensa na vida útil de uma roupa, fala-se, a grosso modo, em três etapas: produção, uso e descarte. É justamente a terceira fase que deixa de existir quando a lógica produtiva é a moda circular. Troca-se o descarte pela coleta. Processo que Lourrani Baas, CEO e fundadora da startup, realiza de telefonema em telefonema. “É bem manual. Eu pesquiso marcas, confecções e tecelagem da cadeia de moda e entro em contato. Faço a apresentação do projeto, consigo o resíduo têxtil e pago para fazer a coleta”, conta a empresária.

E o “lixo” vira luxo mesmo. Tanto é que a Liga Transforma ganhou o prêmio Fashion Futures da C&A na categoria Designer de Sustentável, em 2021. Ao todo, 323 empresas de todo o Brasil se inscreveram. Porém, foram selecionadas apenas quatro iniciativas e uma personalidade. Quem também lança fora a palavra descarte é a Solos, empresa que trabalha com projetos de gestão de resíduos plásticos. O maior deles é o Braskem Recicla, iniciativa conduzida em parceria com a empresa que a batiza e que já reciclou mais de 67 toneladas de material. Itinerante, o projeto já passou por cidades como Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo e funciona por duas vias, como explica Saville Alves, co-fundadora da Solos. “A primeira é da logística reversa, onde a gente mapeia estabelecimentos para mobilizar e engajar pessoas a separar materiais e fazer reciclagem, ficando com esse material para a Solos. Além disso, criamos uma estrutura para falar de economia circular de forma lúdica”, conta Saville.

Tanto a Liga Transforma como a Solos são iniciativas de sucesso de uma economia que, apesar de vista como ‘modelo do futuro’ por muitos, é a cara do presente. Pelo menos, é o que afirma Fabiana Quiroga, diretora de Economia Circular da Braskem na América do Sul. Ela cita a cadeia do plástico em que a Braskem está envolvida como exemplo disso. “Na região, temos os catadores, os recicladores, os clientes transformadores com resinas virgens e recicladas e algumas iniciativas que levam conhecimento para população sobre a destinação correta do que, na verdade, é matéria prima e não resíduo. [..] É uma cadeia bem estruturada”, fala a diretora.

E o sucesso de projetos circulares baianos no presente não se limita a cadeia do plástico ou da já solidificada cadeia do alumínio, com reciclagem de latas. Andreia Barbosa, analista do Sebrae, cita outro setor da produção circular que se destaca pelo impacto que tem. “Quando a gente fala de Economia Circular no nosso território, vejo cadeias produtivas relevantes além de alumínio e plástico. Pelo impacto que gera, a cadeia da moda é chave porque essa indústria é uma das mais poluentes”, cita ela, ressaltando que setores mais problemáticos podem virar os de mais oportunidades para economia circular com a mudança no pensamento de produção.

Foto: divulgação

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