Local onde transitam maquinários pesados, tratores, caminhões, guindastes e cargas de dimensões gigantescas, não muito raro, a atividade portuária está quase sempre associada a um ramo essencialmente masculino. No entanto, no Terminal de Contêineres do Porto de Salvador, responsável pela operação de cerca de 470 navios por ano, as mulheres vêm escrevendo uma história diferente já há alguns anos. Atualmente, trabalham no terminal baiano aproximadamente 700 pessoas, e 14% são mulheres em cargos de gestão, supervisão e operacionais.
Leomara Oliveira começou sua trajetória no setor portuário como auxiliar de manutenção e não demorou muito, resultado do seu excelente desempenho e estudo, foi promovida a soldadora. “Antes de trabalhar no Porto, eu era atendente e vendedora. Vim para o Tecon em 2016, e no ano seguinte eles fizeram uma parceria com a Associação Baiana dos Deficientes Físicos (ABADEF) para promover um curso de mecânica geral no SENAI. Topei o convite e dez meses depois já comecei a trabalhar como soldadora”, recorda Leomara, que de segunda a sexta (e alguns sábados, de acordo com a escala) faz o serviço de caldeiragem (elaboração de peças) e soldagem para os equipamentos do terminal. No laboratório de manutenção, ela divide o espaço com mais três mulheres.
Na condução de caminhões, chamados de tratores de pátio e nos guindastes elétricos (e-RTGs), responsáveis pela remoção de contêineres dentro do terminal, as mulheres também dominam o assunto. Atualmente são oito no total (três motoristas foram contratadas esse ano e duas ano passado). Luciana Pereira, de 51 anos, é uma das recém-contratadas. Motorista há 28 anos e praticante de box nas horas vagas, ela explica que sair das estradas para um terminal portuário é desafiador e ao mesmo tempo instigante. “Tem sido muito valiosa a experiência, a empresa dedica especial atenção ao treinamento de segurança e a todo momento tenho o apoio dos supervisores e colegas para fazer o meu trabalho em um ramo que requer máxima atenção. Sou a única motorista na família e tenho muito orgulho do meu trabalho”, revela Luciana.
Porto Delas – Ronilson Souza, gerente de Desenvolvimento Humano e Organizacional (DHO) do Tecon Salvador, unidade da Wilson Sons, explica que a empresa já vem há alguns anos traçando estratégias que visam contribuir para que cada vez mais mulheres tenham mais espaço na atividade desenvolvida pelo terminal. “Demos os primeiros passos para o projeto Porto Delas ainda em 2011, quando fizemos um processo seletivo com o objetivo de atrair mais mulheres para o Tecon, e desde então, fizemos parcerias para ofertar cursos especializados, trabalhamos internamente com nossos gestores e colaboradores políticas de relacionamento e acolhimento, além de incentivar que em nossas seleções mulheres sejam efetivadas”, recorda.
Fernanda Lago, coordenadora do DHO, acrescenta que, hoje, além das atuações como motorista, condutores de guindastes e manutenção, o terminal conta também com mulheres, inclusive em áreas complexas, como Planner. “É uma atividade que requer capacitação específica e habilidade para gerir com segurança e agilidade o plano de carga e descarga, coordenar as equipes de pátio e das máquinas para cada navio, assegurando a melhor produtividade”, detalha. A gestora informa ainda que os currículos para seleção são coletados através do site da Wilson Sons: wilsonsons.gupy.io/